🌍 Saúde Pública e Clima: Como a Bioética Pode Guiar Políticas

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Cláudio Cordovil

Recentemente, ocorreu a Conferência Internacional de Saúde Global e Bioética em Oxford, onde foram discutidos temas cruciais sobre o papel da bioética em questões que envolvem mudanças climáticas, meio ambiente e saúde.

Como co-presidente do conselho consultivo da Nuffield Council on Bioethics (NCOB) para Meio Ambiente e Saúde, John Coggon esteve diretamente envolvido nessas conversas e delas faz um relato.

Uma das discussões mais marcantes, segundo ele, liderada pelo Dr. Kyle Ferguson, abordou as diferenças entre as medidas de adaptação e mitigação diante das mudanças climáticas. De forma simplificada, as medidas de adaptação, como a proteção contra ondas de calor, são respostas aos problemas já causados pelas mudanças climáticas. Já as medidas de mitigação buscam prevenir ou reduzir esses problemas, como a redução das emissões de gases de efeito estufa.

No campo da bioética, essa distinção também aparece em dois enfoques diferentes: a ética biomédica e a ética da saúde pública. A ética biomédica geralmente se preocupa com o cuidado e a cura individual, enquanto a ética da saúde pública foca no bem-estar coletivo e nas condições sociais amplas. Em outras palavras, a ética biomédica trata dos danos que já ocorreram, enquanto a ética da saúde pública trabalha para prevenir que esses danos aconteçam.

Apesar dessas diferenças, não se trata de escolher um lado. Pelo contrário, há um grande potencial para que essas duas abordagens conversem entre si. No contexto das mudanças climáticas, a bioética pode ser extremamente útil ao explorar as tensões e os compromissos entre as medidas de adaptação (como as intervenções biomédicas) e de mitigação (que se alinham mais com as intervenções de saúde pública).

Outra lição importante que a bioética pode aprender é que, ao se desenvolver como um campo “novo”, a ética da saúde pública se afastou um pouco da ética médica tradicional, buscando inspiração na filosofia política e na ética ambiental, com conceitos como “gestão responsável dos recursos naturais”. Revisitar essas origens pode trazer novas ideias sobre como a bioética pode contribuir para as questões ambientais.

No entanto, a tendência da bioética ao antropocentrismo – focar principalmente nos seres humanos – pode criar desafios, especialmente quando se consideram abordagens mais amplas, como a Saúde Planetária ou a Saúde Única, que veem o meio ambiente e os seres humanos como partes interligadas de um único sistema.

Portanto, é crucial que a bioética reconheça e valorize o conhecimento já existente em outros campos, ao mesmo tempo que traz sua própria expertise para lidar com esse cenário complexo. As questões éticas surgem em diferentes níveis – do individual ao global – e, em todos eles, é importante equilibrar a prevenção de danos com a resposta aos problemas que já existem.

As mudanças climáticas e seus impactos na saúde são urgentes e não podem ser subestimadas. O caminho adiante exige engajamento, colaboração e uma compreensão compartilhada dos desafios éticos que enfrentamos. Como ressaltou Michael Reiss, seu colega no NCOB, o tempo é um fator crítico.


Fonte: Climate change, health ethics, and contributions from bioethics / Nuffield Council on Bioethics

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

Imagem gerada por Inteligência Artificial

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