Há muitos anos, a professora Beverly K. Brandt, especialista em história do design na Universidade Estadual do Arizona, passou por uma experiência que ainda a emociona. Ela estava se preparando para sair do trabalho e resolver um problema urgente de saúde de seu padrasto idoso, quando um colega fez uma pergunta que a pegou de surpresa: “Beverly, por que você está fazendo isso? Ele não é seu parente de sangue, é apenas seu padrasto. Você não tem obrigação nenhuma.”
A pergunta a deixou sem palavras. Para Beverly, isso não fazia sentido. Seu padrasto, Mark Littler, entrou em sua vida quando ela tinha apenas oito anos, após a morte de seu pai biológico. Desde então, ele se tornou um pai para ela, cuidando e apoiando-a em todas as fases da vida. Deixar de ajudá-lo na velhice? Inimaginável.
No entanto, a reação de seu colega não é tão rara quanto se poderia pensar. Pesquisas mostram que os laços em famílias reconstituídas, como aquelas com padrastos, costumam ser mais frágeis do que em famílias biológicas. E isso traz uma preocupação crescente, à medida que mais famílias reconstituídas surgem nos Estados Unidos: quem cuida dos idosos nessas famílias?
O Crescimento das Famílias Reconstituídas e Seus Efeitos
As famílias reconstituídas estão se tornando cada vez mais comuns nos Estados Unidos, impulsionadas por altas taxas de divórcio e novos casamentos em idades mais avançadas. Um estudo recente revela que cerca de 16% dos americanos com mais de 70 anos têm pelo menos um enteado. E entre casais onde um dos parceiros tem mais de 50 anos, mais de 40% estão em um segundo casamento ou relacionamento com um novo parceiro.
Com esse aumento, surge uma pergunta difícil: quem é responsável pelo cuidado dos padrastos idosos? Filhos biológicos geralmente se sentem mais responsáveis por cuidar dos pais do que os enteados. Uma pesquisa de 2021 mostrou uma diferença significativa: menos de um quarto dos idosos em famílias com padrastos recebem cuidados de enteados, comparado a quase metade em famílias biológicas.
Os Desafios das Famílias Reconstituídas
Muitas coisas influenciam a relação entre padrastos e enteados. A idade em que o padrasto entrou na vida da criança, quanto tempo passaram juntos, e se a nova família surgiu após um divórcio ou viuvez são fatores importantes. Além disso, as famílias reconstituídas frequentemente enfrentam incertezas sobre papéis e responsabilidades, o que pode complicar ainda mais as relações.
Um estudo de 2019 descobriu que, apesar de o tamanho das famílias reconstituídas estar crescendo, a probabilidade de filhos adultos cuidarem de um padrasto é bem menor do que a de cuidarem de um pai biológico. Isso pode resultar em uma falta de apoio para os idosos nessas famílias.
A História de Beverly Brandt: Exceção ou Nova Norma?
A dedicação de Beverly K. Brandt ao cuidado de seu padrasto até o fim de sua vida pode parecer uma exceção. Ela esteve ao lado dele por mais de 12 anos, garantindo que recebesse todos os cuidados necessários até sua morte aos 98 anos.
Mas a história de Beverly também levanta uma questão importante: como a sociedade pode incentivar o cuidado de idosos em famílias reconstituídas? Políticas que incluam claramente os enteados nos direitos e benefícios familiares podem ser um passo importante para fortalecer esses laços, por mais complexos que sejam.
No final, Beverly reflete que faria tudo de novo, sem pensar duas vezes. Sua história nos lembra que o amor e o cuidado podem ir além dos laços de sangue, e que todas as famílias, em suas diversas formas, merecem o apoio necessário para cuidar de seus membros mais vulneráveis.
Fonte: When Elder Care Is All in the Stepfamily / New York Times
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial