Transferência Compassiva: Uma Alternativa na FIV

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Cláudio Cordovil

Ao iniciar um tratamento de fertilização in vitro (FIV), as pacientes são frequentemente questionadas sobre o destino dos embriões excedentes. As opções incluem descartá-los, doá-los para pesquisa, oferecê-los a outras pacientes ou mantê-los em armazenamento, o que gera um custo adicional.

    Para aqueles que estão começando o tratamento, a ideia de ter embriões excedentes pode parecer distante. Durante a FIV, óvulos são retirados do corpo da mulher e fertilizados em laboratório. Esses embriões são então transferidos para o útero, um de cada vez, até que ocorra uma gravidez. Com os avanços na tecnologia, muitas pacientes acabam com embriões excedentes. Decidir o que fazer com esses embriões pode ser emocionalmente desafiador e moralmente complexo, mesmo para aquelas que não têm convicções religiosas ou que apoiam a autonomia reprodutiva.

    Algumas pacientes recorrem a uma alternativa menos conhecida: a transferência compassiva. Esse procedimento consiste em colocar um embrião excedente no corpo da paciente em um momento do ciclo menstrual em que a gravidez é improvável. A transferência mimetiza os passos de uma transferência tradicional, mas é projetada para falhar, permitindo que o embrião seja naturalmente expelido.

    Durante anos, fóruns e grupos de apoio de FIV têm sido espaços onde pacientes compartilham suas experiências. Muitas pacientes não veem os embriões da mesma forma que outros subprodutos da FIV, como esperma e óvulos não fertilizados. Mulheres compartilham fotos de seus embriões, referindo-se a eles como “embabies”, e até fazem tatuagens ou pinturas em homenagem a eles. A esperança de que esses embriões se tornem filhos pode se transformar em tristeza quando não implantam, a gravidez termina em aborto espontâneo ou é necessário decidir o destino dos embriões restantes.

    Muitas pacientes se sentem insatisfeitas com as opções tradicionais de descarte de embriões. Descongelar e descartar pode parecer desumano. Doar embriões para pesquisa é visto com desconfiança por alguns, enquanto outros se sentem desconfortáveis em doá-los a casais inférteis. Assim, muitos optam por manter os embriões em armazenamento, com taxas que variam de US$ 400 a US$ 1.200 anuais. Estima-se que haja mais de 1,5 milhão de embriões criopreservados nos EUA, com cerca de 40% não sendo usados para reprodução.

    Algumas pacientes criam seus próprios rituais para se despedir dos embriões. Uma pesquisa com embriologistas clínicos revelou que quase 18% atenderam pacientes que desejavam algum tipo de cerimônia para a eliminação dos embriões, incluindo orações e bênçãos.

    A transferência compassiva tem um propósito semelhante. Megan Allyse, professora de ética biomédica, argumenta que o procedimento pode ser uma “extensão ética” do cuidado de fertilidade. Embora a transferência compassiva não traga benefícios médicos e possa ser vista como um uso ineficiente de recursos, pode aliviar o sofrimento moral das pacientes. Os riscos associados são mínimos, especialmente quando comparados ao estresse psicológico de não saber o que fazer com os embriões excedentes.

    Embora os custos possam ser altos, são geralmente menores do que manter os embriões em armazenamento por anos. A transferência compassiva pode ser um alívio para algumas pacientes, permitindo que encontrem paz ao dizer adeus aos embriões de uma maneira significativa. Para essss pacientes, o procedimento oferece uma forma de honrar e se despedir dos embriões, ajudando-os a seguir em frente com suas vidas e famílias.

    Decidir o destino de embriões excedentes na FIV é um dilema emocional e ético complexo. A transferência compassiva surge como uma alternativa que permite às pacientes lidar com esse dilema de maneira significativa, ainda que o procedimento esteja envolto em debate e considerações éticas. Para muitos, é uma forma de encontrar paz em uma jornada frequentemente tumultuada e emocionalmente desgastante.


    Fonte: How Can You Part With the Embryo That Could Have Been Your Child? / The Atlantic

    Imagem gerada por Inteligência Artificial

    Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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