Um novo relatório de especialistas revelou que a discrepância entre as regulamentações estaduais e federais sobre o uso da cannabis nos Estados Unidos está gerando problemas emergentes de saúde pública.
A seguir, confira os cinco principais pontos destacados no estudo divulgado pela Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina.
1. O uso regular de cannabis superou o de álcool nos EUA
Em 2022, mais adultos nos Estados Unidos relataram o uso quase diário de cannabis do que de álcool, conforme a Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde. Essa foi a primeira vez que o consumo regular de maconha superou o de álcool no país.
Nas últimas três décadas, o uso regular de cannabis aumentou drasticamente, passando de menos de 1 milhão de usuários em 1992 para mais de 17 milhões em 2022. Esse aumento se deve, em parte, à facilidade de acesso à cannabis, especialmente nos estados onde ela foi legalizada, além da queda nos preços dos produtos à base de THC, o composto psicoativo da planta.
2. Produtos à base de cannabis, como ‘vapes‘, podem ter alta potência e isso nem sempre é divulgado
A concentração de THC nos produtos à base de cannabis aumentou com o tempo. Enquanto o consumo de flores secas da planta ainda é comum, houve uma expansão no uso de produtos como comestíveis e óleos para vaporização, que podem conter concentrações muito mais altas de THC. Produtos como dabs, wax e shatter, por exemplo, podem ter níveis de THC entre 60% e 90%.
Essa alta potência faz com que seja fácil consumir mais do que o desejado, resultando em um aumento de acidentes de trânsito e visitas a hospitais associadas ao uso de cannabis. Embora alguns estados tenham estabelecido limites para a concentração de THC em comestíveis, essas regulamentações geralmente não se aplicam a outros produtos, o que expõe os consumidores a riscos maiores.
3. Produtos de cânhamo psicoativo estão disponíveis até em estados onde a cannabis é ilegal
Mesmo nos estados onde a cannabis continua ilegal, é possível encontrar produtos derivados do cânhamo que possuem efeitos psicoativos, como o CBD e o delta-8 THC. Este último, que é sintetizado a partir do CBD, tem sido associado a efeitos psicoativos significativos e sua venda aumentou após a aprovação da Farm Bill de 2018, que diferenciou o cânhamo da cannabis no âmbito legal.
Entretanto, esses produtos escapam de muitas regulamentações, apesar dos alertas de autoridades de saúde, como o CDC e a FDA, sobre os riscos à saúde. O relatório recomenda que o Congresso dos EUA regule todas as formas intoxicantes de cannabis, incluindo as derivadas do cânhamo.
4. A pesquisa sobre cannabis enfrenta grandes barreiras
A pesquisa científica sobre os efeitos da cannabis na saúde tem avançado pouco devido aos grandes obstáculos para o estudo da planta. A classificação da cannabis como substância de Classe I pelo governo federal restringe o acesso dos pesquisadores à planta, além de impor rígidas regulamentações.
Recentemente, a Drug Enforcement Administration (DEA) propôs reclassificar a cannabis como uma substância de Classe III, o que facilitaria a condução de estudos. Além disso, o relatório sugere que o Congresso remova as restrições impostas ao Escritório de Políticas Nacionais de Controle de Drogas dos EUA, para que possam estudar os impactos da legalização da cannabis em estados onde isso já ocorreu.
5. Os perigos da cannabis são menos divulgados que seus benefícios
Com a legalização, muitas pessoas passaram a acreditar que a cannabis é menos perigosa do que realmente é. No entanto, os riscos relacionados ao consumo de THC, como psicose, ideação suicida e transtorno de uso de cannabis, aumentam conforme a dose consumida.
Além disso, crianças e jovens adultos estão sendo expostos a mais mensagens pró-cannabis por meio de propagandas, e a indústria da cannabis tem se mostrado cada vez mais influente, barrando tentativas de limitar a concentração de THC ou regular o uso de pesticidas nas plantações de cannabis.
O relatório destaca a importância de adotar uma abordagem de saúde pública para o consumo de cannabis, similar ao que já foi feito para o controle do tabaco e do álcool. Isso inclui campanhas educativas sobre os riscos, especialmente voltadas para jovens, gestantes e idosos, e também sugere a capacitação dos funcionários de lojas de cannabis para informar corretamente os consumidores sobre os riscos e benefícios do uso.
Fonte: 5 things to know from this week’s big report on cannabis / NPR
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4