Desde o primeiro transplante de útero bem-sucedido, em 2014, até hoje, mais de 135 procedimentos foram realizados globalmente, resultando no nascimento de mais de 50 bebês saudáveis. Apesar desses avanços, questões éticas, legais e técnicas ainda levantam dúvidas sobre quem deve ter acesso a esse tipo de cirurgia.
Um marco científico e suas implicações
O marco inicial foi o nascimento de um menino na Suécia em 2014, fruto do transplante de útero de uma doadora viva de 61 anos para uma mulher de 35 anos sem útero funcional. Desde então, a técnica continua a ser considerada experimental, com uma taxa de sucesso limitada e desafios significativos. As operações são longas e complicadas, tanto para a doadora quanto para a receptora, além de exigirem o uso contínuo de medicamentos imunossupressores.
A quem se destina o procedimento?
A principal indicação é para mulheres que sofrem de infertilidade uterina absoluta (AUFI, na sigla em inglês), que afeta cerca de 1 em cada 500 mulheres. No entanto, a lista de possíveis beneficiárias é restrita. Em um evento recente da Progress Educational Trust, especialistas discutiram os desafios e limites dessa técnica, incluindo se, um dia, poderia ser aplicada a mulheres trans. Por enquanto, essa possibilidade parece distante devido a diferenças anatômicas e riscos elevados, como destacou J. Richard Smith, do Imperial College London.
Considerações éticas: mais perguntas que respostas
A bioética também entra em cena com questões fundamentais:
- Há um “direito de gestar”? Alguns especialistas argumentam que é importante equilibrar o direito à autonomia reprodutiva com outras alternativas, como adoção ou apoio a crianças já existentes.
- Qual o objetivo da cirurgia? No caso de mulheres trans, por exemplo, seria para reprodução ou alinhamento de gênero? Essa definição impacta diretamente quem seria elegível para um transplante.
Um longo caminho pela frente 🧪
Embora a possibilidade de ampliar o acesso ao transplante de útero, incluindo para mulheres trans, seja um tema recorrente, especialistas acreditam que ainda estamos longe de uma solução viável. Mais estudos são necessários para compreender melhor as complicações, principalmente em populações com anatomias diferentes ou microbiomas alterados.
Com apenas 135 transplantes realizados até agora, comparados a mais de 25 mil transplantes de rins anuais só nos EUA, o procedimento ainda está em fase inicial. É consenso entre os especialistas que o foco no momento deve ser na segurança e eficácia para os casos prioritários, antes de expandir a aplicação.
Essas questões deixam claro que, além dos avanços científicos, o debate sobre transplante de útero exige uma análise profunda e contínua sobre seus impactos éticos e sociais. 🌱
Fonte: Who should get a uterus transplant? Experts aren’t sure / MIT Technology Review
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial