Erradicar mosquitos: avanço genético ou dilema ético? 🦟🔬

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Cláudio Cordovil

Erradicar os mosquitos da face da Terra deixou de ser apenas uma hipótese científica — agora é uma possibilidade real. Com ferramentas genéticas como o gene drive, pesquisadores como Alekos Simoni, do projeto Target Malaria, querem suprimir populações do mosquito Anopheles gambiae, vetor da malária na África Subsaariana. Mas essa iniciativa levanta uma questão fundamental: temos o direito de extinguir uma espécie?

A tecnologia usada pelo Target Malaria manipula a herança genética para garantir a transmissão de uma mutação que esteriliza fêmeas. Com o tempo, isso pode levar ao colapso da população. O projeto, financiado por instituições como a Fundação Gates e a Open Philanthropy, espera testar mosquitos modificados em ambientes naturais nos próximos cinco anos.

Ainda que a malária mate cerca de 600 mil pessoas por ano — um verdadeiro desastre humanitário — a proposta de eliminar uma espécie levanta alarmes bioéticos. Um grupo coordenado pelo Hastings Center e a Universidade Estadual do Arizona publicou recentemente, na revista Science, que a extinção deliberada só deveria ser considerada em casos extremamente raros.

Um exemplo aceitável seria a mosca da bicheira (New World screwworm), um parasita com impacto mínimo no ecossistema. Já com os mosquitos, o cenário é mais incerto. Há pouca evidência sobre como sua ausência afetaria predadores naturais como sapos e aves. Além disso, o uso indiscriminado do gene drive traz riscos ecológicos imprevisíveis — como a propagação não controlada de genes modificados.

Alguns bioeticistas propõem focar no parasita Plasmodium, causador da malária, em vez de eliminar o vetor. Mas essa proposta é vista com ceticismo por quem vive nos epicentros da doença. Paul Ndebele, bioeticista do Zimbabwe, lembra que os opositores da eliminação dos mosquitos raramente estão em países afetados. Para ele, a urgência é real e pessoal.

Apesar do potencial transformador da biotecnologia, ainda não temos certeza sobre os efeitos colaterais de erradicar uma espécie inteira. A prudência, portanto, continua sendo uma aliada indispensável. Afinal, como bem pontua o filósofo ambiental Christopher Preston, temos hoje meios de extinguir espécies em laboratório — mas será que devemos?

🌍 A discussão segue em aberto. Entre avanços promissores e dilemas éticos profundos, a bioética se mostra mais relevante do que nunca.


Fonte: We finally may be able to rid the world of mosquitoes. But should we? / MSN

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

Imagem gerada por Inteligência Artificial

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