A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos EUA, anunciou um plano ambicioso: usar inteligência artificial para acelerar a aprovação de medicamentos e dispositivos médicos. A promessa? “Aumentar radicalmente a eficiência”. Mas, no campo da bioética, essa pressa levanta sinais de alerta importantes.
Menos pessoal, mais algoritmos
A proposta vem em um momento delicado. Após quase 2 mil demissões, a FDA busca novas formas de manter sua produtividade. Uma das saídas encontradas foi o uso de IA para tarefas como triagem de documentos, análise de efeitos colaterais e até a priorização de inspeções em fábricas de alimentos e medicamentos.
O novo modelo de IA, chamado “Elsa”, funciona como um grande chatbot — semelhante ao ChatGPT — e está sendo testado internamente. Mas os próprios funcionários relatam limitações: respostas imprecisas, erros factuais (“alucinações”) e a necessidade constante de supervisão humana.
Aprovando com menos dados?
Outro ponto controverso é a proposta de aceitar um único estudo clínico robusto como base para aprovação de novos medicamentos. Essa abordagem, justificada pelo exemplo da pandemia de Covid-19, pode agilizar processos, mas também reduz o rigor científico historicamente exigido.
Na prática, o modelo busca repetir o que funcionou em uma emergência, agora em tempos normais — o que levanta dúvidas éticas sobre o equilíbrio entre agilidade e segurança.
Relações perigosas com a indústria?
A iniciativa também reacende o debate sobre a independência regulatória. Apesar de a FDA afirmar que quer evitar um relacionamento “acolhedor” com a indústria farmacêutica, seus líderes estão em uma turnê fechada com CEOs do setor. Críticos como a Dra. Reshma Ramachandran, da Universidade Yale, já se pronunciaram: para ela, a agenda da FDA parece “saída diretamente do manual da indústria”.
E a bioética com isso?
Aceleradores regulatórios sempre foram uma faca de dois gumes. De um lado, podem encurtar o caminho entre a pesquisa e o tratamento de pacientes — especialmente em doenças raras. De outro, correm o risco de sacrificar o rigor científico e a confiança pública em nome da produtividade.
A bioética convida a refletir: até que ponto a automação pode substituir o julgamento humano na regulação de medicamentos que afetam vidas? E como garantir que esses sistemas sejam transparentes, auditáveis e livres de conflitos de interesse?
Fonte: F.D.A. to Use A.I. in Drug Approvals to ‘Radically Increase Efficiency’ / New York Times
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial