Artigo assinado por Justine Barron e publicado na FAIR faz uma crítica incisiva à reportagem de capa da New York Times Magazine de 1º de junho de 2025, intitulada “I Cannot Get Through a Day”, que narra a trajetória de Paula Ritchie, uma mulher canadense com doenças crônicas que recorreu ao suicídio assistido legalizado pelo programa MAiD.
Segundo Barron, a matéria da NYT Magazine, escrita por Katie Engelhart, violou diretrizes internacionalmente reconhecidas para reportagens sobre suicídio. Entre os pontos criticados estão a personalização excessiva, os detalhes gráficos do método usado e a ausência de contexto crítico — tudo isso em desacordo com orientações da OMS e de organizações jornalísticas que recomendam evitar glamourização ou justificativas para o suicídio.
📸 A reportagem chegou a incluir imagens próximas do corpo de Ritchie e da cena da morte, algo considerado perigoso do ponto de vista da saúde pública, por potencializar o chamado “efeito Werther”, ou contágio suicida.
Ausência de vozes críticas e omissões relevantes
Barron aponta omissões significativas na cobertura, como o fato de a autora não mencionar o relatório da ONU publicado em março de 2025, que condena o modelo canadense de suicídio assistido e recomenda sua revogação. Também não são citadas entidades críticas ao MAiD, como organizações de direitos das pessoas com deficiência e instituições religiosas.
🔍 Outro ponto problemático é a falta de uma abordagem investigativa sobre as doenças de Ritchie. Apesar de seu sofrimento, a reportagem não explora possíveis tratamentos contemporâneos, como medicações para enxaqueca crônica, terapias para disfunções autonômicas ou abordagens específicas para encefalomielite miálgica, condição que pode ter sido mal interpretada no texto.
A narrativa do “morrer com dignidade” sob questionamento
O artigo sugere que a autora da reportagem, Engelhart, adotou uma linguagem alinhada com o discurso da organização Dying With Dignity Canada, que evita o termo “suicídio” e promove o MAiD como uma escolha autônoma e esperançosa. Para Barron, esse eufemismo serve para diluir o impacto ético da prática, especialmente quando aplicada a pessoas que não estão em estágio terminal, como no caso de Ritchie.
⚠️ A crítica também aponta que a jornalista, embora afirme ter sido uma “presença mínima” na sala, participou ativamente do momento da morte, o que levanta questões sobre seu papel no processo e sobre os limites entre observação jornalística e envolvimento emocional.
Conclusão: uma cobertura que perpetua estigmas
O texto de Barron é uma chamada urgente para que a imprensa adote maior responsabilidade ao tratar de temas tão sensíveis. Ela argumenta que histórias como a de Paula Ritchie reforçam a visão de que viver com deficiência é pior do que morrer — um estigma histórico enfrentado por pessoas com doenças crônicas e limitações funcionais.
✍️ A análise conclui com a sugestão de que a imprensa precisa ouvir mais as vozes das pessoas com deficiência, especialmente aquelas que escolhem viver apesar do sofrimento. Esses relatos, hoje marginalizados, oferecem um contraponto essencial ao discurso predominante e podem ajudar a reequilibrar o debate sobre o direito à vida versus o direito à morte.
Fonte: How NYT Magazine Threw Away Journalistic Ethics on Suicide / Fairness & Accuracy In Reporting
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4