🧬 Avanço com cautela: primeiros bebês nascidos por fertilização in vitro com DNA de três pessoas

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Cláudio Cordovil

O tão aguardado resultado do ensaio clínico iniciado em 2017 no Reino Unido finalmente foi divulgado: oito bebês nasceram por meio da técnica de doação mitocondrial — também conhecida como “fertilização in vitro de três pessoas”. A promessa? Reduzir o risco de transmissão de doenças mitocondriais, um grupo de distúrbios genéticos graves.

Como funciona a técnica?

A abordagem envolve três pessoas:

  • os pais biológicos fornecem o núcleo do óvulo e o espermatozoide;
  • uma terceira pessoa doa um óvulo com mitocôndrias saudáveis, cujo núcleo é removido;
  • o núcleo dos pais é inserido nesse óvulo doado, resultando em um embrião com DNA nuclear dos pais e mitocondrial da doadora.

Resultados iniciais: esperança com ressalvas

Os pesquisadores de Newcastle anunciaram que cinco dos oito bebês nasceram sem problemas aparentes. No entanto:

  • Um bebê apresentou febre e infecção urinária.
  • Outro teve espasmos musculares.
  • Um terceiro precisou de tratamento por arritmia cardíaca.

Além disso, três crianças nasceram com níveis detectáveis do DNA mitocondrial mutado — justamente o tipo de mutação que o procedimento visava evitar.

O enigma da “reversão mitocondrial”

O fenômeno chamado de “reversão” preocupa os cientistas: mesmo com a substituição do material mitocondrial, parte do DNA defeituoso da mãe foi detectado nas crianças, em níveis entre 5% e 20%. A origem disso ainda é incerta.

Apesar de os níveis baixos não indicarem risco imediato, há receios de que mutações possam se acumular com o tempo, especialmente em tecidos como cérebro e músculos. O estudo, no entanto, foi desenhado para ser não-invasivo, limitando-se a exames de sangue e urina.

Repercussões éticas e médicas

Heidi Mertes, bioeticista, vê os resultados com “otimismo moderado” e ressalta a necessidade de vigilância contínua. Já Pavlo Mazur, embriologista com experiência similar na Ucrânia, defende a suspensão temporária dos testes até que o fenômeno da reversão seja compreendido.

Reflexões e alternativas.

A técnica oferece uma via promissora para famílias afetadas por doenças mitocondriais, mas não é isenta de riscos. Especialistas como Dagan Wells destacam que se trata de uma estratégia de redução de risco, não de eliminação completa.

Como alternativa, há a possibilidade de recorrer à doação total de óvulos, o que elimina o risco de transmissão mitocondrial, embora sem o vínculo genético materno.

🔍 O estudo, publicado no New England Journal of Medicine, representa um marco importante, mas ressalta que a ciência caminha com passos cuidadosos — principalmente quando vidas humanas estão em jogo desde o primeiro instante.


Fonte: Researchers announce babies born from a trial of three-person IVF / MIT Technology Review

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

Imagem gerada por Inteligência Artificial

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