Nesta semana, um artigo na BMJ Global Health apresentou ao mundo uma nova palavra: healthocide (saudicídio). A proposta vem de Joelle Abi-Rached, professora da Universidade Americana de Beirute. Ela define o termo como a destruição intencional e sistemática não apenas da infraestrutura de saúde — hospitais, trabalhadores da saúde e cadeias de suprimentos médicos — mas também do bem-estar e da saúde de toda uma população.
Segundo Abi-Rached, a intenção é criar um alerta global contra ataques deliberados a sistemas de saúde, reforçando que tais ações violam gravemente o direito internacional e exigem reação firme da comunidade médica mundial.
📈 Um cenário de ataques em alta
Os dados da Safeguarding Health in Conflict Coalition mostram que a preocupação é real:
- 3.600 incidentes de ataques a saúde em 2024
- +15% em relação a 2023
- +62% desde 2022
O que antes era visto como “dano colateral” agora, segundo especialistas, se tornou estratégia de guerra, ampliando o sofrimento civil ao destruir hospitais e matar profissionais de saúde.
🌍 Casos que inspiraram o termo
A experiência pessoal de Abi-Rached no Líbano e a destruição maciça de hospitais em Gaza são centrais para o conceito.
- No Líbano, entre setembro e novembro de 2024, 408 profissionais de saúde foram mortos e 208 instalações danificadas por bombardeios israelenses.
- Em Gaza, a OMS estima que metade dos hospitais está apenas parcialmente funcional, e mais de 1.500 profissionais morreram desde outubro de 2023.
🤔 Necessidade ou redundância?
A comunidade humanitária se divide:
- Críticos como Sam Zarifi (Physicians for Human Rights) e Len Rubenstein afirmam que o termo não define um crime novo — já existem classificações no direito internacional, como crimes de guerra ou crimes contra a humanidade.
- Apoiadores, como Amal Elamin (University of Greenwich), defendem que a palavra traz urgência e visibilidade, comparando-a à força moral de termos como “genocídio”.
⚖️ O ponto central: responsabilidade
Seja chamado de “saudicídio” ou não, especialistas concordam que a chave é responsabilizar os autores. O exemplo citado é o Tribunal Penal Internacional investigando ataques russos a hospitais na Ucrânia.
💡 Resumo bioético: “Saudicídio” é mais do que um neologismo — é uma tentativa de encapsular, em uma única palavra, a devastação deliberada de sistemas de saúde como arma de guerra. A disputa sobre sua utilidade linguística é legítima, mas o problema que ela descreve é inegável e crescente.
Fonte: A word is born — and critiqued: ‘healthocide’ / NPR
Imagem gerada por Inteligência Artificial
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4