A “bomba do despovoamento”: Por que a queda da fertilidade global acende um alerta ético?

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Cláudio Cordovil

O novo livro dos economistas Dean Spears e Michael Geruso, After the Spike: Population, Progress, and the Case for People, levanta uma discussão rara, mas urgente: o declínio das taxas de natalidade pode ameaçar o futuro da humanidade — não apenas do ponto de vista econômico, mas também moral.

Uma defesa do valor intrínseco da vida humana

Para Spears e Geruso, o argumento central vai além de contas públicas ou escassez de mão de obra. Eles defendem que mais pessoas significam mais inovação, mais bem-estar coletivo e, acima de tudo, mais vidas boas sendo vividas. Essa visão toca diretamente em debates bioéticos sobre o valor da vida humana e o papel da sociedade em possibilitar sua continuidade.

“É melhor se houver mais bem no mundo. Isso inclui mais vidas boas.” — dizem os autores.

Queda da fertilidade: uma tendência global

Segundo estimativas da ONU, a fertilidade mundial caiu para 2,25 filhos por mulher — a menor taxa já registrada. E mais:

  • Dois terços da população mundial vivem em países com taxa abaixo de dois filhos por mulher.
  • Até em regiões como a África Subsaariana, os índices estão em queda.
  • Com taxas como a dos EUA (1,6), a população mundial atingiria o pico em 2080 e começaria a diminuir.

O desafio ético: ignorar o problema é aceitável?

A obra critica tanto a esquerda progressista — que costuma associar crescimento populacional ao colapso ambiental — quanto a direita nacionalista, que foca em proteger a “população nativa”. Os autores, alinhados à centro-esquerda, fazem um apelo mais amplo: é preciso pensar na humanidade como um todo, e isso inclui as gerações futuras.

Exemplos que desmontam clichês

Vários argumentos comuns sobre o porquê da queda da natalidade são colocados à prova:

  • Países com políticas pró-família? Suécia e Noruega têm generosos auxílios e baixa fertilidade.
  • Educação cara? O Canadá tem ensino superior mais acessível, mas também baixa natalidade.
  • Mais religiosidade, mais filhos? Na Índia, a religiosidade é alta, mas a fertilidade segue caindo.
  • Restrições ao aborto? A Coreia do Sul tem leis rígidas, mas a menor taxa de fertilidade do mundo.

O verdadeiro motivo? O custo de oportunidade

O que resta é uma explicação econômica clássica: as pessoas têm outras prioridades. Ter filhos implica abrir mão de tempo, dinheiro e liberdade — algo que pesa mais em sociedades modernas.

Bioética e políticas públicas: o que está em jogo?

A grande provocação do livro é ética: se as sociedades não valorizarem a existência de futuras gerações, estarão falhando com os próprios princípios de justiça intergeracional. A despopulação, ainda que lenta, pode representar uma forma passiva de negligência moral coletiva.

📚 Um livro que convida à reflexão ética sobre o futuro demográfico da humanidade

After the Spike não oferece respostas prontas, mas convida à pergunta certa: estamos prontos para aceitar a queda populacional como inevitável? Ou é hora de reconhecer que o valor de cada vida humana — presente ou futura — merece mais atenção nas políticas públicas?


Fonte: The Depopulation Bomb / The Wall Street Journal

Foto de Keith Hardy na Unsplash

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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