Artigo de autoria de Sunita Puri, publicado recentemente em The Atlantic, toca em questões profundas sobre a relação entre a morte, a vontade e o significado final que buscamos dar à vida. A história começa com a lembrança de uma mulher idosa, mãe de um amigo da família do autor, que desafiou todas as expectativas médicas para realizar o desejo de voltar a sua terra natal, em Punjab, e lá passar seus últimos dias. Essa experiência trouxe à tona reflexões sobre o controle que, aparentemente, algumas pessoas têm sobre o momento da morte, mesmo diante de circunstâncias difíceis.
O texto de Puri também faz uma ligação com a situação do ex-presidente Jimmy Carter, que, em cuidados paliativos há mais de um ano, expressou o desejo de viver o suficiente para votar nas próximas eleições. A questão levantada aqui é: será que, de alguma forma, temos controle sobre o momento da morte? Esse fenômeno, por mais intrigante que seja, desafia a compreensão científica, mas é algo que muitos profissionais da saúde, como a autora do texto (médica de cuidados paliativos), observam com frequência.
Ela cita exemplos de pacientes que “seguraram” a vida até a chegada de um ente querido, até o nascimento de um neto ou até que se sentissem em paz para partir. Esses casos, que desafiam as explicações puramente fisiológicas, sugerem a existência de dois tipos de cronologia no processo da morte: a do corpo, regida pela biologia, e a da alma, que pode transcender as expectativas médicas.
Embora não haja evidências científicas sólidas que comprovem que as pessoas possam de fato “escolher” quando morrer, as histórias compartilhadas entre profissionais de saúde e familiares sugerem que essa possibilidade tem um apelo emocional muito forte. A autora reconhece que, no campo dos cuidados paliativos, lidar com a incerteza é parte integral do processo. Muitas vezes, a vontade dos pacientes, expressa pela força de viver ou pela esperança de um último ato significativo, se torna um componente importante da narrativa da morte.
Ela também destaca a complexidade do papel da força de vontade no enfrentamento da morte. Cita Nietzsche e Viktor Frankl, lembrando que “quem tem um porquê para viver, pode suportar quase qualquer como“. No entanto, reconhece que há limites impostos pela biologia, e nem sempre a mente consegue sobrepujar o corpo. O exemplo de Jimmy Carter reflete essa dualidade: seu desejo de votar pode se concretizar ou não, mas isso não diminui o significado de sua vida ou de suas ações.
A autora encerra refletindo sobre a amiga da família e o que sua jornada final representou: um ato de resistência, mesmo que isso significasse um possível desfecho no caminho, e não no destino planejado. Essas histórias, afirma ela, nos lembram que, por mais implacável que seja a morte, ela não consegue apagar a esperança, o significado ou o poder de escolha que as pessoas ainda mantêm em seus momentos finais.
Fonte: Death Has Two Timelines / The Atlantic
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial