A gravidez na adolescência tem sido associada a uma série de desafios e riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, incluindo maior probabilidade de abandono escolar e dificuldades financeiras. Um estudo recente realizado no Canadá adiciona uma nova e preocupante descoberta a essa lista: mulheres que engravidaram durante a adolescência têm maior probabilidade de morrer antes de completarem 31 anos de idade.
O estudo, publicado na JAMA Network Open, foi conduzido por uma equipe liderada pelo Dr. Joel G. Ray, especialista em medicina obstétrica e epidemiologista no Hospital St. Michael, em Toronto. A pesquisa analisou dados de aproximadamente 2,2 milhões de adolescentes na província de Ontário, Canadá, abrangendo todas as garotas que tinham 12 anos entre abril de 1991 e março de 2021.
Após ajustar para variáveis como problemas de saúde preexistentes, disparidades de renda e educação, o estudo encontrou que adolescentes que levaram a gravidez até o termo tinham mais do que o dobro de probabilidade de sofrer morte prematura mais tarde na vida. Essa tendência também foi observada em mulheres que, ainda na adolescência, tiveram gravidezes ectópicas (quando o óvulo fertilizado cresce fora do útero), gravidezes que resultaram em natimorto ou aborto espontâneo.
Curiosamente, o estudo revelou que o risco era consideravelmente menor entre mulheres que optaram por terminar a gravidez durante a adolescência; no entanto, estas ainda tinham 40% mais chances de morrer prematuramente, em comparação com aquelas que não engravidaram na adolescência.
Os resultados também destacaram que as maiores chances de morte prematura estavam entre mulheres que engravidaram antes dos 16 anos e aquelas que engravidaram mais de uma vez durante a adolescência. A maioria das mortes prematuras foi causada por lesões, tanto autoinfligidas quanto não intencionais, como agressões.
A pesquisa sugere que a gravidez na adolescência pode não ser diretamente a causa da mortalidade prematura, mas sim um indicador de outras influências negativas na vida da jovem, incluindo experiências adversas na infância. Elizabeth L. Cook, cientista da Child Trends, uma organização de pesquisa focada em crianças e jovens, ressalta a necessidade de mais estudos para compreender essas causas subjacentes.
Este estudo reforça a importância de políticas e programas de apoio que não apenas busquem prevenir a gravidez na adolescência, mas também ofereçam suporte educacional e emocional às jovens, ajudando-as a superar os obstáculos que podem surgir dessa experiência.
De acordo com a ONG Plan International, o Brasil é o 4º país no mundo com maior número de casamentos infantis. A organização calcula que o Brasil tenha 554 mil meninas de 10 a 17 anos casadas, sendo que mais de 65 mil têm entre 10 e 14 anos.
Os dados apontam que 36% das meninas se casam antes dos 18 anos, o que pode afetar a evasão escolar, gravidez precoce, além de abusos e violência.
Fonte: Teen Pregnancy Linked to Premature Death, Study Finds