Três anos após a revogação de Roe v. Wade, começam a surgir dados que indicam: legislações estaduais sobre aborto estão influenciando profundamente decisões sobre moradia e carreira entre mulheres norte-americanas.
Migração por direitos reprodutivos
A ilustradora Alana Tedmon se mudou do Texas para a Filadélfia após a proibição total do aborto no estado. Ela engravidou logo depois, mas decidiu interromper a gestação, uma escolha que, segundo ela, só foi possível porque vivia em um estado com acesso garantido ao procedimento.
Ela representa um fenômeno mais amplo: segundo estudo do National Bureau of Economic Research, cerca de 146 mil pessoas deixaram estados com proibições ao aborto após a decisão da Suprema Corte. Esses estados — em sua maioria no sul dos EUA — haviam ganhado população nos anos anteriores, mas agora perderam esse impulso.
Efeitos sobre educação e carreira
Outros estudos apontam mudanças nos seguintes aspectos:
- 📉 Redução nas candidaturas de mulheres de alto desempenho a universidades em estados com proibição.
- 🏥 Queda nas inscrições para programas de residência médica nesses locais.
- 💼 Perda de oportunidades de trabalho por mulheres grávidas que evitam viajar por medo de complicações sem suporte legal.
A consultora Emilie Aries, por exemplo, deixou de viajar a estados com proibições durante a gravidez, após uma série de abortos espontâneos. A decisão resultou em perdas financeiras significativas.
O peso financeiro da restrição
Kayla Smith, residente de Idaho, precisou recorrer a um empréstimo de US$ 16 mil para realizar um aborto em Washington, após o diagnóstico de uma condição fetal fatal. Seu plano de saúde só reembolsou os custos nove meses depois. Na gravidez seguinte, ela e o marido mudaram-se definitivamente para outro estado.
🧭 Implicações éticas e bioéticas
As experiências relatadas evidenciam um dilema central da bioética contemporânea:
Até que ponto políticas públicas podem restringir decisões íntimas de saúde sem comprometer a autonomia e a segurança das pessoas?
Além disso, surgem outras questões:
- A limitação de acesso ao aborto compromete a equidade em saúde?
- Estados com leis mais restritivas estão preparados para lidar com emergências obstétricas complexas?
- A pressão migratória afeta não apenas a vida pessoal, mas também o ecossistema profissional e educacional?
Esses dilemas não são teóricos — estão sendo vividos por milhares de pessoas em decisões práticas do dia a dia.
Fonte: How Abortion Bans Are Affecting Where Women Live and Work / The Wall Street Journal
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4