Deadbots: o mercado (e os dilemas éticos) dos avatares de falecidos criados por IA 🧠🪦

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Cláudio Cordovil

O uso de avatares de pessoas falecidas criados por inteligência artificial, popularmente chamados de deadbots, tem avançado para contextos que vão muito além da homenagem pessoal — e já está sendo discutido como a próxima fronteira de monetização da IA.

De homenagens a discursos persuasivos

Exemplos recentes mostram como esses avatares podem ser usados com forte apelo emocional:

  • A família de Joaquin Oliver, vítima do massacre de Parkland (EUA), criou um avatar para que ele “concedesse” uma entrevista defendendo leis mais rígidas sobre armas.
  • Um deadbot de Chris Pelkey, morto em um caso de violência no trânsito, foi usado em tribunal para fazer uma declaração de impacto à sentença do agressor. O juiz classificou o depoimento como “genuíno”.

Essas iniciativas reforçam o poder persuasivo dos deadbots — especialmente quando há semelhança de voz e aparência, tornando a experiência mais imersiva.

Uma indústria bilionária e crescente

O chamado mercado de pós-vida digital, que inclui a criação de deadbots, deve alcançar US$ 80 bilhões nos próximos 10 anos. Para pesquisadores como James Hutson, da Lindenwood University, a monetização é inevitável: “Já nos acostumamos com anúncios até mesmo em serviços pagos de streaming. Por que não com deadbots?”, provoca.

Riscos éticos e legais no horizonte

Apesar do entusiasmo de alguns setores da indústria, juristas e especialistas em ética estão em alerta. A legislação norte-americana é fragmentada e não dá conta das implicações profundas dessa prática, especialmente em termos de:

  • Privacidade póstuma
  • Consentimento prévio do falecido
  • Responsabilização por usos indevidos da imagem e voz

Segundo o advogado Jeffrey Rosenthal, ainda estamos lutando para garantir os direitos de privacidade dos vivos — o que dirá dos mortos.

Um futuro incerto, mas lucrativo

Empresas como a StoryFile já admitem testar inserções publicitárias em conversas com deadbots, ou até utilizar os diálogos para extrair preferências dos usuários, com potencial de segmentação de anúncios. Mesmo com o desconforto ético, o apelo comercial parece superar as reservas morais, ao menos entre alguns players do setor.


🔍 Reflexão bioética: O uso de deadbots revela um novo tipo de dilema moral no qual o luto, a memória e o marketing se cruzam. A tecnologia, mais uma vez, se antecipa à legislação — e à ética coletiva — em nome da inovação e do lucro. O que estamos dispostos a aceitar em nome da “imortalidade digital”?


Fonte: AI ‘deadbots’ are persuasive — and researchers say they’re primed for monetization / NPR

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

Imagem gerada por Inteligência Artificial

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