Pesquisa da socióloga Elena Portacolone traz à tona uma questão preocupante: idosos com comprometimento cognitivo vivendo sozinhos, sem apoio adequado. Ao visitar esses idosos em São Francisco, muitos não se lembravam de seus compromissos ou da própria pesquisadora. Era evidente que apresentavam algum tipo de demência, mas ainda assim viviam isolados.
Esse fenômeno chamou a atenção de Portacolone, professora associada da Universidade da Califórnia-São Francisco (UCSF). Ao revisar a literatura, ela percebeu que este grupo era praticamente invisível nas pesquisas acadêmicas. Motivada por essa lacuna, ela iniciou o Living Alone With Cognitive Impairment Project, que estima que pelo menos 4,3 milhões de pessoas com mais de 55 anos e com algum tipo de deficiência cognitiva ou demência vivem sozinhas nos EUA.
O Desafio de Viver Sozinho com Deficiência Cognitiva
De acordo com o projeto, metade desses idosos enfrenta dificuldades com atividades diárias básicas, como tomar banho, cozinhar ou gerenciar suas finanças. Apesar disso, apenas um terço recebe ajuda para essas tarefas, o que agrava os desafios enfrentados por essa população. Além disso, a maioria é composta por mulheres mais velhas, com menor escolaridade e renda, e de grupos raciais desprivilegiados, como negros e latinos.
O sistema de saúde dos EUA, que geralmente assume que os idosos têm familiares para cuidar deles, deixa essa população à margem, como observa Portacolone: “Percebemos que essa população está destinada a cair pelas rachaduras do sistema”.
Consequências Graves e Preocupantes
As implicações desse isolamento são severas. Conforme a demência progride, esses idosos podem perder o controle de contas, ter os serviços de utilidade cortados, ou até enfrentar despejos. Além disso, problemas como desnutrição, isolamento social e negligência tornam-se cada vez mais comuns. Muitas vezes, esses indivíduos não são sequer diagnosticados, o que agrava a situação.
Depoimentos de Quem Vive Essa Realidade
Diversos idosos que vivem essa realidade compartilharam suas preocupações. Kathleen Healy, de 60 anos, vive sozinha em Fresno, Califórnia, e relata: “Uma das maiores dificuldades é que as pessoas não enxergam o que está acontecendo com você”. Já David West, um ex-assistente social com demência de corpos de Lewy, reconhece a progressão inevitável de sua condição e sabe que sua independência é temporária.
Soluções Possíveis
Portacolone e outros especialistas acreditam que muito pode ser feito para melhorar a assistência a esses idosos. Perguntas simples feitas por profissionais de saúde, como “Com quem você mora?”, podem ajudar a identificar aqueles que precisam de mais apoio. Isso abriria caminho para a criação de políticas públicas e programas voltados para essa população vulnerável.
Reflexão
A história dessas pessoas ressalta a importância de olhar com mais atenção para os idosos que vivem sozinhos com demência. Garantir que recebam o apoio necessário é fundamental para evitar que sofram em silêncio e invisibilidade, o que já é o caso de muitos.
Fonte: Millions of Aging Americans Are Facing Dementia by Themselves / KFF Health News
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4