Redução de danos em Los Angeles: um novo modelo em meio à repressão nacional

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Cláudio Cordovil

Enquanto cresce a pressão política nos EUA por medidas mais duras contra o uso de drogas e a população em situação de rua, Los Angeles adota uma estratégia distinta: a redução de danos. No coração da região mais vulnerável da cidade, o recém-inaugurado Skid Row Care Campus oferece tratamento, acolhimento e cuidados de saúde sem exigir abstinência imediata.

O que é o Skid Row Care Campus?

Inaugurado nesta primavera, o campus é um projeto inovador de atendimento humanizado a pessoas em situação de rua, financiado com cerca de US$ 26 milhões por ano, provenientes de verbas locais, estaduais e federais. A estrutura inclui:

  • Serviços de saúde mental e tratamento para dependência química
  • Clínica de metadona prevista para abrir ainda este ano
  • Distribuição de seringas, cachimbos, naloxona e fitas para detecção de fentanil
  • 70 leitos (22 para recuperação e 48 voltados a pessoas idosas)
  • Programas de arte, bem-estar, alimentação e cuidados com animais (inclusive exóticos)

Curiosamente, o projeto arquitetônico teve a contribuição ativa de pessoas em situação de rua, que ajudaram a definir tanto o layout quanto os serviços disponíveis.

Redução de danos: conceito e controvérsias

A abordagem parte do princípio de que o uso de substâncias não pode ser combatido exclusivamente com repressão ou abstinência forçada. A proposta é permitir que as pessoas façam uso mais seguro enquanto recebem apoio para, quando estiverem prontas, buscarem tratamento.

Segundo Brian Hurley, diretor médico do Departamento de Saúde Pública do condado, “a recuperação é um processo de aprendizagem, e recaídas fazem parte desse caminho”.

Porém, o modelo encontra forte resistência política. O governo Trump defende internação compulsória e criminalização, com apoio do secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr. Já o governador da Califórnia, Gavin Newsom, embora democrata, tem apoiado medidas como a Proposição 36, que endurece penas para crimes relacionados a drogas e permite indiciamentos por homicídio em caso de overdose fatal.

Opiniões divididas

Críticos, como o senador estadual Roger Niello, dizem que fornecer insumos é “incentivar o dano” e defendem políticas de “amor severo”, com exigência de tratamento em troca de moradia.

Por outro lado, campanhas como “By LA for LA” tentam educar a população, combater o estigma e mostrar os benefícios da redução de danos, com apoio da ONG Vital Strategies e financiamento de Michael Bloomberg.

O impacto real

Pessoas como John “Slim” Wright, especialista em redução de danos e usuário de metadona, ou Anthony Willis, que vive nas ruas há 20 anos, ilustram a complexidade da realidade enfrentada por quem depende de substâncias para suportar o cotidiano brutal da rua.

E há casos como o de Cindy Ashley, que chegou ao campus após uma infecção grave causada pelo uso de heroína. Recém-operada e sem lar, ela implorava por um lugar onde pudesse se recuperar. “Não vou conseguir sobreviver aqui fora”, disse, em lágrimas.

💡 Conclusão: O modelo de Los Angeles representa uma aposta ousada na compaixão informada por evidências científicas. Ao priorizar a saúde pública e a dignidade, a cidade desafia tanto a repressão conservadora quanto a rigidez punitiva de parte da esquerda. Entre o radicalismo da exclusão e a vulnerabilidade do vício, a redução de danos emerge como ponte possível para a reconstrução.


Fonte: In a Nation Growing Hostile Toward Drugs and Homelessness, Los Angeles Tries Leniency / KFF Health News

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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