Tempos de festas, tempos de foguetório

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Adriana Cassas

Todos sabemos o valor das tradições e quão complexo é adaptá-las às necessidades atuais. Por mais difícil que seja, devemos adaptar nossos costumes em prol do bem comum.

Em 2022 foi aprovada uma emenda no artigo 33 da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro que proíbe a venda, comercialização e soltura de fogos de artifício com rojões; permitindo apenas os fogos de vista (também chamados de silenciosos). Essa emenda entrou em vigor em junho de 2023.  Uma grande vitória, o primeiro passo para mudarmos nossos costumes. Os fogos tradicionais ultrapassam os 150 db. São comprovadamente maléficos à saúde de humanos e de não humanos. O limite recomendado pela OMS é de um máximo de 140db.  

Andrea Cassas, Titi e Adriana Cassas

Os estampidos podem afetar a qualquer pessoa, entretanto, afetam principalmente e profundamente as pessoas com transtorno do espectro autista.  Uma em cada 33 pode entrar em espiral de crise e demorar dias para se reorganizar.  Além dos humanos, há os não humanos que, além de terem acuidade auditiva superior à humana não associam o sofrimento sonoro à comemoração. Somos capazes de perceber o sofrimento de cavalos, cães e gatos, mas e os não humanos marinhos e demais silvestres?

Diante deste panorama, se nos pensamos capazes de humanidade, devemos adaptar nossas tradições! Usamos a palavra “empatia” sem cerimonia, mas infelizmente, na prática, não é o que vemos. A cada gol marcado, a cada festa religiosa, a cada passagem de ano comemorados por muitos, eles representam o sofrimento e até o luto para tantos outros.

Como em toda mudança de hábito, nos deparamos com preconceito, discriminação e resistência.

Por isso, campanhas de conscientização e ações de fiscalização são fundamentais. A nossa luta agora é para que se faça cumprir a lei.

Está tramitando na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro um projeto para regulamentar e multar os infratores. Só assim o Poder Público poderá agir incisivamente. É urgente que se coíba a comercialização, que hoje ocorre normalmente mesmo que ilegal.

Tramita também no Senado Federal o Projeto de Lei 5/2022 de autoria de Randolfe Rodrigues visando ampliar a lei carioca a todo o território nacional.

A mudança real depende de todos nós, uma sociedade participativa exigindo seus direitos. Uma sociedade acolhedora na qual todos se preocupem com os outros como consigo mesmos.


Co-autora: Andrea Cassas

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