The Room Next Door: Almodóvar e o debate sobre eutanásia

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Cláudio Cordovil

O 81º Festival Internacional de Cinema de Veneza, realizado neste mês, foi palco da estreia de The Room Next Door, o mais recente filme de Pedro Almodóvar. O aclamado diretor espanhol mais uma vez trouxe à tona um tema controverso: a eutanásia, suscitando debates sobre a liberdade de escolha no fim da vida.

Almodóvar e temas polêmicos

Almodóvar já é conhecido por explorar questões delicadas e controversas em seus filmes, sempre com foco em temas como estruturas familiares complexas, sexualidade e a experiência feminina.

Em “The Room Next Door”, ele continua essa tradição, desta vez colocando no centro do enredo a questão da eutanásia, um dos tabus mais discutidos da atualidade. Inspirado no livro O Que Você Está Enfrentando, de Sigrid Nunez, o filme aborda o dilema da morte assistida de uma maneira sensível e emocional.

O enredo de “The Room Next Door”

O filme conta a história de Ingrid, interpretada por Tilda Swinton, uma mulher diagnosticada com câncer de colo do útero que decide terminar sua vida voluntariamente. Ao lado dela está Martha, vivida por Julianne Moore, uma amiga de longa data que lida com a pesada responsabilidade emocional de apoiar essa decisão.

O filme não apenas explora a questão filosófica e legal da eutanásia, mas também coloca o espectador diante de um dilema humano profundo: como lidar com o fim da vida quando ele está iminente?

Almodóvar destaca que o filme não trata apenas de morte, mas de vida e da liberdade de escolher o tipo de vida que queremos até o último momento. A personagem de Swinton personifica o desejo de controle sobre seu destino, enquanto Moore revela as camadas de dor, amor e conflito ao apoiar a amiga.

A eutanásia: um tema global

A discussão sobre a legalização da eutanásia não é nova. Na Espanha, a prática foi legalizada em 2021 para adultos com doenças graves e incuráveis, quando causam sofrimento insuportável.

Almodóvar declarou que defende a legalização da eutanásia globalmente, considerando que essa decisão deveria estar nas mãos de cada indivíduo, com o suporte adequado de médicos e profissionais da saúde.

Em outros países, como no Reino Unido, a eutanásia ainda é ilegal, e casos de suicídio assistido continuam gerando controvérsias. Um dos exemplos mais conhecidos é o de Noel Conway, que lutou pelo direito de encerrar sua vida, sem sucesso, na Suprema Corte britânica.

No Brasil, a eutanásia também é considerada ilegal, e o debate sobre o tema ainda encontra forte resistência. Embora haja discussões em andamento sobre o direito de escolha em situações de doenças terminais, a prática enfrenta barreiras culturais, religiosas e éticas.

Mudanças climáticas e evolução humana

Além do tema central da eutanásia, “The Room Next Door” também aborda as mudanças climáticas e as ansiedades globais sobre o futuro do planeta. O personagem Damian, interpretado por John Turturro, é um escritor que oferece palestras sombrias e pessimistas sobre as mudanças climáticas, refletindo o temor de Almodóvar em relação ao estado atual do mundo. O diretor destacou que o filme explora tanto “o estado do planeta quanto o estado das pessoas”, levando a uma reflexão mais ampla sobre a evolução da humanidade.

Tilda Swinton também comentou sobre essa abordagem, afirmando que o filme é, acima de tudo, “uma história de amor entre Ingrid e Martha, mas também uma reflexão sobre as mudanças, sejam elas causadas por guerras ou catástrofes climáticas”.

Recepção e críticas

Na estreia em Veneza, o filme foi recebido com uma ovação de pé que durou impressionantes 18 minutos. Almodóvar se juntou à plateia durante os aplausos, em uma cena que reflete a intensidade emocional do filme.

Críticos, de modo geral, elogiaram a sensibilidade com que o diretor tratou o tema. Xan Brooks, do jornal britânico The Guardian, chamou o filme de “belo, incisivo e sensível”. Já Owen Gleiberman, da revista Variety, destacou o desempenho “monumental” de Swinton.

No entanto, nem todas as críticas foram positivas. Robbie Collin, do The Telegraph, deu ao filme apenas duas estrelas, afirmando que a produção “não exigiu o máximo das duas atrizes principais”, uma avaliação que gerou controvérsia entre os fãs do cineasta.

Apesar das críticas mistas, “The Room Next Door” parece destinado a ser um dos filmes mais comentados da temporada de premiações, levantando discussões importantes sobre a vida, a morte e o direito de escolha.

Pedro Almodóvar, mais uma vez, desafia seu público a enfrentar questões difíceis e desconfortáveis com “The Room Next Door”.

Ao tratar de temas como eutanásia e mudanças climáticas, ele nos convida a refletir sobre a liberdade de escolha, não apenas sobre como vivemos, mas também sobre como queremos enfrentar nossos momentos finais.

Esse debate, embora polêmico, é uma oportunidade para repensar as convenções e abrir um espaço para conversas mais francas sobre um dos últimos tabus da sociedade moderna.


Fonte: O debate sobre eutanásia que está no centro do novo filme de Almodóvar / Folha de S. Paulo

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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