A tradição do “Zwarte Piet”, associada às celebrações do Sinterklaas na Holanda, tem sido objeto de intenso debate nos últimos anos. A figura de Zwarte Piet, tradicionalmente retratada com a pele escura, é acompanhante de São Nicolau (Sinterklaas) e tem raízes profundas na cultura holandesa.
No entanto, essa representação vem sendo criticada por perpetuar estereótipos racistas. Ativistas, como Jerry Afriyie, veem nela uma forma de “blackface”, uma exibição racista que ridiculariza as pessoas negras e remete ao passado colonial da Holanda.
Por outro lado, defensores da tradição, como Marc Giling, fundador da Sint & Pietengilde, argumentam que as acusações de racismo são equivocadas e ameaçam uma tradição nacional importante. Giling defende que a figura de Zwarte Piet não se baseia em pessoas negras, mas deriva de folclores pagãos.
Elisabeth Koning, historiadora, destaca que a representação atual de Zwarte Piet como um mouro negro da Espanha surgiu no século XIX. Ela ressalta que a “blackface” como uma representação estereotipada de pessoas negras não era um fenômeno isolado dos shows de Minstrel nos EUA, mas também era comum na Holanda, uma potência colonial.
Nos últimos anos, a figura de Zwarte Piet tem sido gradualmente substituída por “Schoorsteenpieten” (Pietes das Chaminés), com rostos sujos de fuligem, representando viagens através das chaminés para entregar presentes. Algumas cidades incluíram também Petes de outras cores, além do preto, em suas paradas.
Em 2016, a grande maioria (65%) dos holandeses ainda pensava que Zwarte Piet deveria permanecer negro. Seis anos depois, em 2022, pesquisa revelou que isso era completamente diferente. Apenas um terço dos holandeses entrevistados (33%) era a favor de um Zwarte Piet, enquanto 55% pensavam que a sua aparência deveria mudar.
A controvérsia em torno de Zwarte Piet destaca um debate mais amplo sobre tradições culturais e suas implicações raciais. Enquanto alguns defendem a mudança para remover elementos racistas, outros veem tais mudanças como uma ameaça às suas tradições. A evolução dessa tradição nos próximos anos será um reflexo da maneira como a sociedade holandesa equilibra o respeito pelo passado com a consciência contemporânea sobre questões raciais.
Crédito de imagem: Ramon van Flymen/Hollandse Hoogte/picture alliance
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4