🧭 Autonomia, saúde e consentimento: quem realmente está no controle?

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Cláudio Cordovil

Ensaio de Sarah M. Brownsberger intitulado Are You in Charge of Your Health? analisa com olhar crítico como a retórica do “empoderamento do paciente” tem sido usada para transferir responsabilidade — e risco — ao indivíduo no sistema de saúde contemporâneo, especialmente nos Estados Unidos.

📌 A promessa da autonomia… e seu peso

A autora parte de uma reflexão pessoal sobre a ideia de “cuidar da própria saúde” como um percurso individual. Nesse modelo, saúde vira jornada pessoal monitorada por apps, gadgets e métricas. Mas a crítica surge quando essa jornada se mostra menos sobre bem-estar e mais sobre obrigação moral e eficiência de mercado.

⚖️ Consentimento informado: de direito a proteção legal

O texto percorre a história do consentimento informado como avanço dos direitos do paciente. Casos como Schloendorff (1914) e Canterbury (1972) são marcos desse direito. Contudo, a autora argumenta que a lógica atual do consentimento serve mais para proteger médicos de processos do que para garantir decisões verdadeiramente autônomas.

🧠 Somos mesmo capazes de decidir?

Mesmo médicos experientes reconhecem que, em situações de crise, é difícil tomar decisões clínicas complexas — imagine então o paciente comum. Apesar disso, a retórica institucional insiste na figura do “paciente gestor”, responsável por suas escolhas terapêuticas como se estivesse sempre lúcido, informado e em equilíbrio emocional.

📉 O mercado da saúde e a ilusão da escolha

A crítica se aprofunda ao mostrar como a autonomia do paciente foi reconfigurada pelo mercado. O “consumidor de saúde” virou peça-chave na lógica de competição, publicidade e corte de custos. Escolher tratamentos virou um ato de cidadania, mas também um gesto de validação do sistema.

🤝 Consentimento sem confiança?

O conceito atual de “decisão compartilhada” e “parceria médico-paciente” parece ignorar o papel fundamental da confiança na relação clínica. Ao exigir que pacientes compreendam todos os riscos e alternativas, transfere-se responsabilidade sem oferecer poder real. Como bem observa a autora, consentimento deveria partir da confiança — e não substituí-la.

🌱 Considerações finais: entre a rosa e o espinho

O texto recupera a sabedoria clássica de Horácio para lembrar que a vida não se resume ao controle de riscos. A autora convida a repensar o lugar da fragilidade humana na bioética. Talvez, no fim, o mais importante seja o vínculo, o cuidado e a responsabilidade compartilhada — não a autonomia solitária.


Fonte: Are You in Charge of Your Health? / Hedgehog Review

Foto de Onur Binay na Unsplash

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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