Vivemos em uma era dominada pela imagem, onde as redes sociais moldam muitas das nossas percepções e aspirações, e a busca pela perfeição estética tornou-se uma presença constante em nossas vidas. Plataformas de compartilhamento de fotos e vídeos como Instagram, TikTok e Facebook têm desempenhado um papel significativo na amplificação de padrões de beleza e na idealização de uma estética “perfeita”.
As redes sociais, com suas fotos cuidadosamente editadas e filtros de imagem, prometem uma perfeição ideal, com o objetivo de ganhar cada vez mais likes, mas muitas vezes apresentam uma realidade distorcida da beleza. Celebridades e influenciadores digitais, retratados em suas melhores versões, podem criar uma pressão sutil, mas poderosa, para que os usuários se moldem a esses padrões inatingíveis.
O poder da mídia não se limita apenas à criação de padrões estéticos, mas também à disseminação de ideias sobre autoimagem e aceitação. As redes sociais, em particular, desempenham um papel significativo na perpetuação desses padrões, pois oferecem uma plataforma para a constante comparação e validação social.
Além disso, a busca constante pela perfeição pode ter consequências negativas para a saúde. A insatisfação com a própria imagem pode levar a problemas como baixa autoestima, ansiedade, depressão e distúrbios alimentares. A vontade de se adequar aos padrões muitas vezes leva ao excesso. O medo de não se encaixar pode resultar em procedimentos desnecessários, colocando em risco não apenas a saúde física, mas também a saúde mental.
Isso não significa que procedimentos estéticos e cirurgias plásticas sejam condenáveis. Na verdade, esses devem ser realizados de maneira consciente e responsável, podem trazer benefícios significativos para a autoestima e o bem-estar. A chave está em buscar melhorias que realmente contribuam para o equilíbrio físico e emocional, ao invés de ceder à pressão de alcançar padrões inatingíveis. É essencial questionar se estamos buscando a perfeição para nós mesmos ou para atender às expectativas alheias.
A escritora Naomi Wolf em seu livro: “O Mito da Beleza” explora como os padrões de beleza são socialmente construídos, visando questionar e desconstruir as ideias preconcebidas sobre a aparência feminina. A indústria da moda praia, por exemplo, frequentemente enfatiza corpos magros, tonificados e supostamente sem imperfeições.
Essa representação limitada não apenas perpetua padrões irrealistas, mas também exclui uma diversidade de corpos, cores e tamanhos. A insatisfação gerada por essa exclusão contribui para a construção de uma cultura de vergonha em relação aos próprios corpos. É cabível dizer que a incessante exposição a corpos perfeitamente moldados e rostos imaculados pode criar uma ilusão de normalidade, levando muitos a acreditar que a singularidade e a diversidade dos corpos reais são inadequadas.
É fundamental lembrar que cada pessoa é única e possui sua própria beleza e características que a tornam especial. Ao invés de perseguir uma imagem idealizada, devemos focar em cuidar de nossa saúde física e mental. A reflexão bioética sobre a estética é necessária para se construir um estilo de vida equilibrado, onde o amor-próprio deve sobre a as pressões da sociedade de consumo que buscam anular a alteridade em função de valores de mercado.
A busca pela perfeição estética deve ser acompanhada por uma busca interna pela aceitação e amor-próprio. Aceitar nossas peculiaridades, entender que a beleza está na diversidade e que a perfeição é subjetiva são passos essenciais para uma jornada de vida mais saudável. Refletir sobre a busca incessante pela perfeição estética nos convida a questionar as motivações por trás desse anseio. Será que buscamos a perfeição para nós mesmos, ou será que essa busca é impulsionada pela necessidade de atender às expectativas alheias? É crucial lembrar que a verdadeira beleza reside na aceitação de quem somos, nas nossas particularidades, nas marcas que contam nossa história…
Colaborou: João Almeida (SBB-RJ)
Imagem gerada por Inteligência Artificial