No contexto da saúde pública e do bem-estar de menores com disforia de gênero, uma revisão sistemática recente, publicada na “Zeitschrift für Kinder- und Jugendpsychiatrie und Psychotherapie”, traz à tona discussões cruciais sobre as intervenções médicas disponíveis, especificamente o uso de bloqueadores da puberdade e hormônios sexuais cruzados. Esta revisão destaca a insuficiência das evidências atuais que respaldam estas práticas, sublinhando a necessidade imperativa de abordagens psicológicas e psicoterapêuticas para este grupo vulnerável.
A disforia de gênero, caracterizada pelo desconforto significativo ou sofrimento causado pela discrepância entre o gênero experimentado ou expresso de uma pessoa e o sexo atribuído ao nascer, tem ganhado maior visibilidade e compreensão nos últimos anos. Isso resultou em um aumento de menores buscando intervenções médicas que possam aliviar a angústia associada a essa condição. Essas intervenções incluem o uso de bloqueadores da puberdade, para suspender temporariamente o desenvolvimento puberal, e hormônios sexuais cruzados, buscando promover características físicas que se alinhem com a identidade de gênero do indivíduo.
Entretanto, a revisão conduzida por especialistas de instituições renomadas, incluindo o Hospital Universitário de Jena, aponta para uma lacuna significativa no conhecimento científico sobre os efeitos a longo prazo e a segurança dessas intervenções. A pesquisa identifica uma carência de estudos de alta qualidade que possam oferecer conclusões definitivas sobre os benefícios e riscos associados ao uso de bloqueadores da puberdade e hormônios sexuais cruzados em menores com disforia de gênero. Em particular, a revisão não encontrou novos estudos que atendessem aos critérios de qualidade clínico-científica estabelecidos desde uma análise prévia feita pelo National Institute for Health and Care Excellence (NICE) em 2020.
Esta situação evidencia a necessidade crítica de mais pesquisas controladas e de longo prazo para entender melhor a eficácia dessas intervenções. Enquanto isso, os autores enfatizam a importância do suporte psicológico e psicoterapêutico, não apenas como um meio de explorar a identidade de gênero de forma segura, mas também para tratar qualquer comorbidade de saúde mental que possa estar presente. Esta abordagem visa garantir que os menores com disforia de gênero recebam um cuidado holístico que considere todas as facetas de seu bem-estar.
Além disso, a revisão aconselha cautela na decisão de iniciar o uso de bloqueadores da puberdade e hormônios sexuais cruzados, recomendando que tais intervenções sejam consideradas apenas após uma avaliação cuidadosa e individualizada, e preferencialmente dentro do contexto de estudos clínicos. Isso permitiria um aprimoramento do conhecimento clínico sobre a eficácia e os riscos dessas intervenções, crucial para orientar as práticas futuras.
Em resumo, diante da escassez de evidências sólidas, a revisão ressalta a preponderância das intervenções psicológicas e psicoterapêuticas e a necessidade de pesquisa robusta para embasar adequadamente as decisões médicas envolvendo menores com disforia de gênero, assegurando assim o seu bem-estar e desenvolvimento saudável.
Imagem gerada por Inteligência Artificial
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4