🧬 Em um relato pessoal e investigativo contundente, o jornalista David Armstrong, da ProPublica, transforma sua própria experiência com o câncer em um mergulho profundo na história por trás do Revlimid® — um dos medicamentos mais caros e lucrativos do mundo. Diagnosticado com mieloma múltiplo, Armstrong, veterano na cobertura de preços de medicamentos, se espantou ao descobrir que cada cápsula diária de Revlimid® custa quase US$ 1.000, embora custe apenas 25 centavos para ser produzida.
🔍 De vilão a salvador: o renascimento da talidomida
Revlimid® é uma versão modificada da talidomida — droga infame por causar milhares de deformações congênitas nos anos 1950 e 60. Proibida em diversos países, a talidomida encontrou novo propósito como tratamento eficaz para o mieloma múltiplo, graças à persistência de pacientes, médicos e pesquisadores, entre eles Beth Wolmer, cujo marido foi tratado experimentalmente com a droga.
💊 Um medicamento bilionário
Desde seu lançamento, Revlimid® já gerou mais de US$ 100 bilhões em vendas. Armstrong revela que a farmacêutica Celgene adotou uma série de estratégias agressivas para manter os preços altos e barrar concorrência genérica:
- Aumentou o preço do medicamento 26 vezes desde sua aprovação.
- Impediu acesso de fabricantes genéricos ao composto, dificultando testes exigidos pela FDA.
- Comprou silêncio e lealdade de médicos com pagamentos e benefícios.
- Ignorou alertas de órgãos reguladores e minimizou impactos sociais.
💸 O paciente sempre paga
Apesar de sua eficácia, o alto custo do Revlimid® força muitos pacientes a se endividarem, abandonarem o tratamento ou buscarem alternativas arriscadas no exterior. Mesmo com a chegada de versões genéricas, os preços continuam praticamente os mesmos.
A crítica de Armstrong é clara: o medicamento não mudou, os pacientes não melhoraram em termos de experiência, mas a empresa apenas aperfeiçoou sua capacidade de lucrar.
🧾 Reflexões éticas
O caso expõe com brutal clareza como o sistema de patentes, incentivos financeiros e regulação ineficaz podem transformar medicamentos vitais em ativos financeiros. O custo da inovação — real ou alegado — acaba sendo repassado a quem mais precisa: o paciente.
🔚 Um paciente eterno
David Armstrong encerra com uma nota agridoce: mesmo em remissão, segue em tratamento, agora com a versão genérica do Revlimid®, que custa apenas US$ 2.000 a menos que o original. Para ele, a batalha contra o câncer é contínua — assim como a luta contra o sistema de saúde que transforma cura em produto de luxo.
👉 Uma leitura essencial para quem deseja entender os dilemas bioéticos e econômicos por trás de tratamentos que salvam vidas — mas a que poucos conseguem acessar sem sacrifícios extremos.
Fonte: The Price of Remission / ProPublica
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4