Adoções Internacionais e Crimes de Guerra: O Caso da Guatemala”

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Cláudio Cordovil

Introdução

Nos últimos anos, uma série de revelações chocantes tem vindo à tona sobre o tráfico de crianças na Guatemala, um país marcado por uma história de violência e injustiças sociais. Muitos casos datam do período da guerra civil que assolou o país entre 1960 e 1996. Essa situação levanta inúmeras questões sobre os processos de adoção internacional e os direitos humanos das populações indígenas.

O Caso de Dolores Preat

Dolores Preat, uma mulher belga adotada na infância por uma família da Bélgica, é um exemplo marcante. Em 2009, Preat iniciou uma busca por sua mãe biológica na Guatemala, descobrindo uma realidade chocante: ela não havia sido entregue voluntariamente para adoção, mas sim sequestrada e vendida por uma “jaladora”, termo usado para se referir aos intermediários no tráfico de bebês. Esse caso destaca a complexidade e os desafios enfrentados por milhares de adotados internacionalmente que buscam suas origens.

O Contexto Histórico e Social

A história de Preat se entrelaça com o período brutal da guerra civil na Guatemala, onde comunidades indígenas, como os Maias, foram severamente afetadas. Durante esse tempo, o tráfico de crianças tornou-se um negócio lucrativo, muitas vezes encoberto pelo véu de adoções internacionais. Estima-se que cerca de 40.000 crianças guatemaltecas foram adotadas internacionalmente, principalmente nos

Estados Unidos, Canadá e Europa. A adoção privada na Guatemala, sem supervisão judicial, tornou-se um meio para que intermediários, como Colop Chim, atuassem impunemente.

O Sistema de Adoções Privadas

O custo das adoções privadas era exorbitante, chegando a $45.000 por criança em anos posteriores. Esse sistema favorecia a seleção de crianças por parte dos pais adotivos, muitas vezes em detrimento das crianças mais velhas em orfanatos. Os “jaladoras” tinham como alvo crianças jovens e, em alguns casos, chegavam a contatar mulheres grávidas, a fim de assegurar bebês para adoção antes mesmo de seu nascimento.

A Realidade das Mães Biológicas

Muitas das mães biológicas eram mulheres pobres, indígenas e analfabetas, pressionadas a entregar seus filhos. Os registros mostram que muitas dessas mulheres assinavam documentos de consentimento com impressões digitais, evidenciando sua incapacidade de compreender plenamente o processo legal. Essa prática levanta sérias questões sobre o consentimento informado e a exploração de vulnerabilidades socioeconômicas.

A Mudança no Cenário das Adoções

Após anos de abusos e ilegalidades, a adoção internacional tornou-se ilegal na Guatemala em 2008. No entanto, a prática deixou marcas profundas e questões não resolvidas, especialmente entre aqueles que foram adotados e buscam entender sua verdadeira história.

Conclusão

O caso da Guatemala é um lembrete sombrio das falhas e abusos que podem ocorrer em sistemas de adoção mal regulamentados. Para muitos adotados e suas famílias biológicas, a busca pela verdade continua sendo uma jornada dolorosa e complexa. É fundamental que histórias como essas sejam contadas para garantir que injustiças do passado não se repitam no futuro.


Fonte: Guatemala’s baby brokers: how thousands of children were stolen for adoption

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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