Os cortes drásticos na assistência alimentar dos Estados Unidos, Reino Unido e outros países estão levando milhões de pessoas à fome e agravando crises humanitárias ao redor do mundo. Especialistas alertam que as consequências serão devastadoras, com taxas crescentes de desnutrição, fome extrema e mortes.
Impacto dos Cortes na Segurança Alimentar
A decisão do governo dos EUA de reduzir em 83% o financiamento da USAid tem impactos severos em países já vulneráveis. O Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP), por exemplo, está reduzindo sua assistência na Somália, onde 4,4 milhões de pessoas correm risco de desnutrição devido à seca, inflação e conflitos.
Outros exemplos incluem:
- Rohingyas em Bangladesh: ração alimentar cortada pela metade.
- Refugiados no Quênia: cortes similares levaram a protestos.
Elizabeth Campbell, do think tank ODI Global Washington, alerta que não há outra fonte de financiamento capaz de preencher esse vazio no curto prazo.
Doações Reduzidas e Foco na Ajuda de Curto Prazo
A redução do orçamento de ajuda do Reino Unido – de 0,58% para 0,3% da renda nacional – equivale a um corte de £6 bilhões, com parte desses recursos realocados para gastos militares. Além disso, outros países europeus, como a Alemanha, podem seguir o mesmo caminho, priorizando a defesa em detrimento da assistência humanitária.
Com menos dinheiro disponível, a ajuda alimentar agora se concentra apenas nos casos mais extremos e imediatos, deixando cerca de 200 milhões de pessoas em situação crítica sem suporte adequado.
Mudança na Forma de Distribuir Ajuda
Nos últimos anos, a ajuda humanitária tem migrado do modelo tradicional de distribuição direta de alimentos para pagamentos em dinheiro, permitindo que as pessoas comprem comida localmente e sustentem suas economias. O WFP destinou $2,8 bilhões para essa abordagem em 2023.
Entretanto, há receios de que os EUA revertam essa tendência e voltem a priorizar o envio de alimentos excedentes de sua produção agrícola como forma de beneficiar sua economia interna.
O Que Pode Ser Feito?
Especialistas apontam que a solução de longo prazo passa por investimentos na autossuficiência alimentar. O cientista Rattan Lal, vencedor do Prêmio Mundial da Alimentação, afirma que a fome não é causada pela falta de produção de alimentos, mas sim por problemas políticos e socioeconômicos. Ele destaca que a África subsaariana tem potencial para ser autossuficiente, desde que receba investimentos adequados.
Degan Ali, cofundadora da Near, defende que a ajuda humanitária precisa ser organizada localmente, em vez de depender de grandes organizações internacionais. Para ela, o modelo atual perpetua a dependência e impede que comunidades vulneráveis reconstruam suas vidas.
Conclusão
A crise atual destaca a fragilidade da dependência de financiamento estrangeiro para combater a fome. Sem uma mudança estrutural na forma como a assistência é gerida, milhões continuarão à mercê de decisões políticas externas. Enquanto cortes de financiamento continuam a ocorrer, o mundo enfrenta uma crescente catástrofe humanitária.
Fonte: Aid workers warn ‘people are dying and they’re going to continue dying’ as funding cuts hit / The Guardian
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Foto de Ian Hutchinson na Unsplash