Em um mundo cada vez mais interconectado, onde a troca de privacidade por segurança parece uma constante, o experimento de esconder uma gravidez do universo digital surge como uma narrativa fascinante sobre autonomia e vigilância.
Jia Tolentino, através de sua experiência pessoal (leia a versão original ao final deste post) , explora a ideia de se manter um segredo tão natural e humano longe dos olhos ubíquos da tecnologia.
Depois de anunciar sua gravidez, Jia decidiu iniciar um experimento: ela tentaria ocultar esse fato de seu telefone e das redes digitais. Esse desafio envolveu não fazer pesquisas sobre gravidez, evitar compras relacionadas ao bebê usando cartões de crédito, e não atualizar aplicativos de monitoramento de ciclo menstrual ou de gravidez.
Este esforço reflete uma tentativa de recuperar um pouco de privacidade em um ambiente onde cada clique e cada pesquisa são monitorados e utilizados por corporações para moldar nossas experiências digitais.
O experimento de Jia revela o lado sombrio da conveniência tecnológica. Cada interação digital é uma transação onde dados pessoais são trocados por serviços. Empresas como o Google anunciam esses dados para determinar que tipo de conteúdo os usuários veem, influenciando desde decisões de compra até comportamentos políticos.
O mercado de dados de localização sozinho é estimado em bilhões de dólares, demonstrando o alto valor comercial da nossa informação pessoal.
Ao tentar se esquivar da vigilância digital, Jia enfrentou a realidade de que a tecnologia frequentemente promete mais controle do que realmente oferece. A tecnologia de monitoramento infantil é um exemplo claro disso.
Dispositivos como a Smart Sock, da Owlet, prometem tranquilidade aos pais ao monitorar sinais vitais dos bebês, mas estudos mostram que esses dispositivos podem causar mais ansiedade do que alívio, devido a imprecisões e falsos positivos.
O experimento também traz à tona questões mais profundas sobre a natureza da vigilância, que mistura aspectos de policiamento e cuidado.
Enquanto tecnologias como monitores de bebês e aplicativos de localização são vendidos como ferramentas de segurança, eles também intensificam as ansiedades parentais e, por vezes, facilitam a supervisão estatal indesejada.
A tentativa de Jia Tolentino de esconder sua gravidez das garras do capitalismo de vigilância foi em parte bem-sucedida, mas também reveladora. Demonstrou como nossas vidas são profundamente integradas com a tecnologia — tanto para o bem quanto para o mal.
Seu experimento serve como um lembrete poderoso da importância de questionarmos constantemente o equilíbrio entre segurança, privacidade e controle em uma era dominada pela tecnologia digital.
Fonte: The Hidden-Pregnancy Experiment / The New Yorker
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial