“Lobos terríveis” de laboratório? Colossal recua em anúncio de “desextinção”

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Cláudio Cordovil

A Colossal Biosciences causou alvoroço ao anunciar que teria trazido de volta à vida o lobo terrível, espécie extinta há cerca de 12 mil anos. No entanto, em nova entrevista, a cientista-chefe da empresa, Beth Shapiro, reconheceu que os animais criados são, na verdade, lobos-cinzentos com 20 edições genéticas — e não verdadeiros lobos terríveis.

Realidade genética x marketing midiático

Apesar de a Colossal ter apresentado seus lobos como a “primeira espécie desextinta com sucesso”, especialistas e a própria mídia científica — como a New Scientist — apontaram a inconsistência entre a propaganda e os dados. Segundo Shapiro, a empresa sempre foi clara ao afirmar que os animais são lobos-cinzentos editados geneticamente. No entanto, a linguagem adotada em comunicados e no site oficial sugeria outra narrativa.

O biólogo Richard Grenyer, da Universidade de Oxford, considera isso uma contradição direta: o discurso científico interno não se alinha ao material promocional público. A empresa manteve a nomenclatura “lobos terríveis” mesmo diante de críticas da comunidade científica.

Conceito funcional vs. essência biológica

A Colossal afirma adotar o conceito de “desextinção funcional” — ou seja, se os animais se parecem e se comportam como os extintos, então podem ser considerados equivalentes. No entanto, pesquisadores como Claudio Sillero questionam até mesmo a aparência: por exemplo, lobos terríveis teriam pelagem avermelhada, diferente dos editados, que são brancos.

O risco para a conservação

Outro ponto crítico levantado é o impacto da desextinção na conservação de espécies ameaçadas. Shapiro tenta se desvincular de interpretações políticas que veem a desextinção como justificativa para relaxar esforços de preservação. No entanto, como lembra Grenyer, a própria Colossal alimenta essa lógica ao afirmar que a extinção é um problema “colossal” e que a solução seria a desextinção.

Conclusão: ciência promissora, comunicação problemática

A iniciativa da Colossal representa um avanço notável na biotecnologia e edição genética. Porém, a discrepância entre ciência e marketing levanta questões éticas importantes sobre transparência e responsabilidade pública. Romulus, Remus e Khaleesi podem ser lobos geneticamente notáveis, mas chamá-los de “lobos terríveis” continua sendo, no mínimo, uma escolha controversa. 🐺💡


Fonte: Colossal scientist now admits they haven’t really made dire wolves / New Scientist

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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