Luta Contra a Mutilação Genital Feminina: Avanços e Desafios

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Cláudio Cordovil

A prática da mutilação genital feminina (MGF) é um tema complexo e sensível que abrange questões de saúde pública, direitos humanos e tradições culturais profundamente enraizadas.

Recentemente, a UNICEF divulgou um novo relatório alarmante, indicando um aumento de 30 milhões no número de mulheres e meninas submetidas à MGF desde a última estimativa global em 2016, totalizando mais de 230 milhões de afetadas em todo o mundo. Este aumento é atribuído, em parte, às altas taxas de crescimento populacional nos países onde a prática é mais prevalente.

Em alguns países, houve progresso significativo na redução da prevalência da MGF, graças à criminalização da prática e ao apoio de líderes políticos e religiosos. Por exemplo, em Burkina Faso, a porcentagem de meninas de 15 a 19 anos que foram submetidas à mutilação caiu de 82% para 39% ao longo de três décadas. No entanto, em nações como a Somália, a prática continua inalterada, com uma estimativa de 99% das mulheres tendo sofrido excisão do clitóris.

A meta das Nações Unidas de eliminar a MGF até 2030 enfrenta desafios significativos, necessitando acelerar o progresso atual em 27 vezes para alcançar tal objetivo. Além disso, conflitos e deslocamentos provocados por emergências climáticas têm colocado em risco os avanços já conquistados em alguns países, tornando as populações mais vulneráveis e mais dependentes de estruturas comunitárias tradicionais que ainda endossam a prática.

O relatório também destaca a extensão global da MGF, que, embora seja mais comum em países da África Subsaariana, também persiste em partes do Oriente Médio e da Ásia, além de continuar sendo uma prática clandestina em algumas comunidades imigrantes na América do Norte e Europa.

A mudança de normas em torno da MGF tem se mostrado mais viável em países com diversidade cultural, onde as comunidades que praticam a MGF são confrontadas por aquelas que não praticam, possibilitando a visão de alternativas culturais aceitáveis. No Quênia, por exemplo, o trabalho de organizações e sobreviventes da MGF tem sido fundamental para reduzir a prevalência da prática, através da conscientização sobre os danos físicos e psicológicos causados pela MGF.

Entretanto, os esforços contra a MGF enfrentam obstáculos adicionais em países afetados por conflitos ou desastres climáticos. Mudanças climáticas, por exemplo, têm complicado os esforços anticutting em algumas regiões, onde famílias procuram dotes por meio do casamento precoce de filhas jovens para reconstruir seus meios de subsistência após perderem gado em desastres climáticos.

Embora haja um desejo expresso em pesquisas nacionais de encerrar a prática, tanto por homens quanto por mulheres, a pressão social ainda leva muitos pais a submeterem suas filhas à MGF. Ainda assim, a crescente oposição à prática, inclusive entre os homens, em países onde ela permanece comum, oferece um vislumbre de esperança para o futuro.


Fonte: Female Genital Cutting Continues to Increase Worldwide

Legenda da foto: Meninas quenianas receberam certificados após uma cerimônia alternativa de rito de passagem organizada por uma organização sem fins lucrativos que luta contra a violência de gênero e a mutilação genital feminina. Simon Maina/Agence France-Presse — Getty Images. Reprodução

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

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