A saúde infantil enfrenta uma realidade preocupante: a maior parte dos medicamentos é desenvolvida e aprovada apenas para uso em adultos, deixando os profissionais da saúde diante de um dilema ao tentar tratar doenças em crianças. Esta prática, conhecida como prescrição “off-label“, revela uma lacuna significativa na pesquisa e desenvolvimento de tratamentos pediátricos. Marc Turner, com mais de três décadas de experiência em pediatria, expressa sua frustração ao testemunhar a falta de opções terapêuticas para o público infantil, o que por vezes resulta em desfechos trágicos.
A falta de ensaios clínicos incluindo crianças não é apenas uma questão ética, mas também prática e financeira. Medicamentos comumente prescritos para crianças, incluindo antibióticos, antihistamínicos e antidepressivos, são administrados sem a evidência concreta de sua eficácia e segurança para essa faixa etária. Esta realidade expõe as crianças a riscos potencialmente maiores de efeitos colaterais em comparação com os adultos.
Um dos exemplos mais alarmantes é o uso de antidepressivos em crianças. Apesar de medicamentos como a sertralina (comercialmente conhecida como Zoloft®) serem prescritos para tratar depressão em jovens, sua eficácia e segurança não foram devidamente comprovadas para essa população, levantando preocupações sobre efeitos colaterais graves, incluindo comportamento suicida.
Além dos riscos associados à prescrição off-label, há desafios específicos no tratamento de doenças raras em crianças. A história de Jillian Arnold e seus filhos, afetados pela deficiência de esfingomielinase ácida (ASMD), ilustra as dificuldades enfrentadas por famílias em busca de tratamentos experimentais que podem não estar prontamente disponíveis para pacientes pediátricos devido à exclusão de crianças de muitos ensaios clínicos.
Apesar dos desafios, há esforços em andamento para melhorar o acesso a medicamentos seguros e eficazes para crianças. Iniciativas como a Lei de Medicamentos para Crianças de 2002 e a Lei de Equidade de Pesquisa Pediátrica de 2003 nos Estados Unidos, bem como a Regulação Pediátrica de 2007 na Europa, buscam incentivar a inclusão de crianças em pesquisas clínicas. Essas medidas representam passos importantes em direção à garantia de que tratamentos seguros e eficazes estejam disponíveis para o público infantil, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
A realidade atual sublinha a necessidade de um comprometimento maior por parte da comunidade científica, reguladores e indústria farmacêutica para desenvolver e testar medicamentos especificamente para crianças. Proteger a saúde infantil significa investir em pesquisa que considere suas necessidades únicas, garantindo que o futuro da medicina pediátrica seja tão promissor quanto o cuidado que desejamos para cada criança.
Fonte: Your Child’s Medicine Probably Wasn’t Fully Vetted. Here’s Why.
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4