Seis anos após o escândalo das “bebês CRISPR”, uma nova publicação na revista Nature reacendeu o debate sobre a edição genética em embriões humanos. Enquanto a controvérsia gerada pelo experimento de He Jiankui parecia ter congelado a ideia por tempo indeterminado, o artigo liderado por Peter Visscher, geneticista da Universidade de Queensland, sugere que essa tecnologia pode ser usada para prevenir doenças como diabetes, Alzheimer e esquizofrenia no futuro. Mas será que estamos prontos para isso?
A promessa da edição poligênica
O artigo propõe que pequenas edições em múltiplas variantes genéticas — conhecidas como traços poligênicos — poderiam reduzir drasticamente os riscos de doenças comuns. Por exemplo:
- Alzheimer ou esquizofrenia: redução de quase 10 vezes.
- Doença arterial coronariana: redução de 30 vezes.
- Diabetes tipo 2: diminuição em até 60 vezes.
Apesar desses números impressionantes, os próprios autores reconhecem que a tecnologia atual está longe de permitir tamanha sofisticação. No entanto, argumentam que o momento de debater os riscos e benefícios dessa abordagem é agora, antes que ela se torne viável dentro de 30 anos.
As questões éticas e científicas
A ideia de editar embriões em larga escala traz preocupações significativas:
- Riscos técnicos: A cada edição, aumenta a chance de erros e consequências imprevistas no genoma.
- Desigualdade social: Procedimentos desse tipo provavelmente seriam caros e inacessíveis para a maioria, ampliando desigualdades.
- Eugenia: A seleção de características genéticas pode abrir caminho para um cenário semelhante ao da eugenia do passado.
- Impacto no pool genético humano: Mudanças permanentes no genoma podem gerar consequências irreversíveis para futuras gerações.
Hank Greely, bioeticista e professor da Universidade Stanford, critica a publicação, argumentando que discutir algo tão distante de uma comprovação técnica e ética pode causar mais mal do que bem.
Alternativas realistas
Outros especialistas, como Fyodor Urnov, sugerem que terapias não hereditárias — como medicamentos e tratamentos direcionados para adultos — são alternativas mais seguras e práticas. Atualmente, empresas de biotecnologia já trabalham em terapias baseadas no CRISPR para tratar condições como colesterol alto e doenças raras.
Embora Visscher reconheça essas alternativas, ele defende que a edição de embriões teria um benefício único: os efeitos seriam duradouros, tanto para o indivíduo quanto para a população humana como um todo.
Um futuro de possibilidades, mas também de riscos
A reabertura desse debate mostra que a edição genética, antes relegada à ficção científica, está gradualmente ganhando espaço na ciência real. No entanto, como mostrou o escândalo de He Jiankui, a pressa em avançar sem um consenso ético global pode levar a erros irreparáveis.
Enquanto a tecnologia avança, o principal desafio será equilibrar o entusiasmo pelas possibilidades com a responsabilidade ética e social. Afinal, o que está em jogo não é apenas a saúde individual, mas o futuro da humanidade como um todo. 🌍
Fonte: ‘It’s kicking a sleeping dog’ / Endpoints News
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial