Pluralismo da Morte: Limites e Implicações Éticas e Legais

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Cláudio Cordovil

O artigo de Anthony Sangiuliano (ver abaixo) aborda uma questão complexa e profundamente relevante: os limites do pluralismo na definição legal de morte. A discussão, baseada em um comentário sobre palestra de Erika Chamberlain, expõe as dificuldades em conciliar ciência, bioética, direitos humanos e crenças individuais no contexto da morte no Canadá.

Concepções Científicas de Morte

Duas principais concepções científicas sobre a morte são destacadas:

  1. Visão cardiorrespiratória tradicional: a morte ocorre quando os sistemas circulatório e respiratório falham permanentemente.
  2. Visão neurológica moderna: a morte é definida pela cessação irreversível das funções cerebrais, impossibilitando a manutenção autônoma da vida.

Essas perspectivas podem entrar em conflito, especialmente quando tecnologias médicas permitem que funções cardiorrespiratórias sejam mantidas mesmo após a morte cerebral.

A Definição Legal de Morte no Canadá

No Canadá, a lei ainda não estabeleceu uma definição definitiva de morte. Casos jurídicos mostram inconsistências: enquanto alguns tribunais aceitam a visão neurológica, outros evitam depender exclusivamente da ciência para determinar a morte. Por exemplo, a Corte de Apelação de Ontário argumentou que a definição legal de morte é “avaliativa”, considerando fatores de justiça e bioética, além de conhecimento médico.

Essa posição abre uma questão crítica: a definição legal de morte deve acomodar crenças religiosas e morais individuais, como aquelas que só reconhecem a morte após a cessação cardiorrespiratória? Até o momento, os tribunais canadenses não se pronunciaram conclusivamente sobre essa questão.

Os Limites do Pluralismo da Morte

Sangiuliano explora cenários hipotéticos que testam os limites do pluralismo:

  • Morte simbólica ou transformativa: Alguém que acredita ter “morrido” ao passar por uma experiência transformadora, como pular de paraquedas, e deseja um atestado de óbito para simbolizar essa mudança.
  • Morte após a decomposição física: Um indivíduo que considera que a morte só ocorre com a completa decomposição do corpo, mesmo após a falência orgânica.

Essas visões, segundo o autor, extrapolam os limites aceitáveis porque não têm respaldo científico. A ciência estabelece uma faixa razoável entre a morte cerebral e a morte cardiorrespiratória, dentro da qual há espaço para pluralismo moral e religioso. No entanto, crenças que ignoram esses limites científicos não devem ser acomodadas pelo direito.

Conclusão: A Ciência como Fundamento do Pluralismo

Embora uma sociedade liberal deva tolerar diversidade de crenças, o pluralismo da morte precisa de limites baseados em fatos científicos. Apenas assim é possível equilibrar direitos individuais e as exigências éticas e legais de justiça e proteção à vida. A discussão segue aberta, mas o artigo reforça a importância de um diálogo contínuo entre ciência, direito e bioética.


Fonte: Death Pluralism? / Impact Ethics

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

Imagem gerada por Inteligência Artificial

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