A cobertura de próteses por planos de saúde nos Estados Unidos tem gerado debates intensos sobre discriminação e acessibilidade. Apesar de serem dispositivos essenciais para a qualidade de vida, muitas seguradoras alegam que próteses avançadas, como joelhos controlados por microprocessadores, não são “necessárias do ponto de vista médico”. Casos como os de Michael Adams e Leah Kaplan ilustram os desafios enfrentados por pessoas com amputações para acessar tecnologias que poderiam transformar suas vidas.
O Caso de Michael Adams: Disputa por um Joelho Eletrônico
Michael Adams, um consultor de 51 anos que perdeu a perna direita devido a um câncer há 40 anos, depende de um joelho eletrônico para estabilidade e prevenção de quedas. Apesar de seu médico prescrever consistentemente essa tecnologia, sua seguradora recusou a autorização para um novo dispositivo em 2023, alegando falta de necessidade médica. O custo total da prótese ultrapassa os 50 mil dólares, e a negativa gerou um longo processo de apelação até que o pedido fosse finalmente aprovado.
Adams destaca que voltar a um modelo mais básico seria como “usar uma perna de madeira novamente”. Sua experiência evidencia o quanto as limitações impostas pelos planos de saúde podem impactar a mobilidade e a dignidade de quem utiliza próteses.
Disparidades na Cobertura: Prótese x Cirurgia de Substituição Articular
Para a comunidade de pessoas amputadas, a diferença de tratamento em relação a outras condições médicas, como substituição de joelhos ou quadris, é clara. Enquanto cirurgias desse tipo são amplamente cobertas, mesmo com custos médios de 68 mil dólares, próteses modernas enfrentam barreiras frequentes de cobertura. “Se é um joelho coberto por pele, a cobertura é garantida; se é coberto por plástico, pode não ser,” aponta Jeffrey Cain, médico e ex-presidente do conselho da Amputee Coalition.
Leah Kaplan: A Espera por uma Mão Mioelétrica
Leah Kaplan, de 32 anos, vive outra batalha contra restrições de cobertura. Ela conseguiu aprovação para uma prótese específica para ciclismo, mas foi negada repetidamente quando tentou obter uma prótese de mão para atividades cotidianas. O custo da prótese mioelétrica que responde a impulsos elétricos do braço ultrapassa 46 mil dólares, tornando-a inacessível sem apoio do plano de saúde. Kaplan já enfrentou três negativas e está no processo de apelar para uma organização de revisão independente.
“A prótese não é um luxo,” afirma Kaplan, frustrada após anos de espera. Sem a cobertura, a prótese feita sob medida permanece inutilizada.
Obstáculos Financeiros e Propostas de Regulação
O custo elevado das próteses frequentemente exige que pacientes assumam dívidas ou entrem em planos de pagamento prolongados. A situação é agravada pela possibilidade de recolhimento de dispositivos por inadimplência, como já aconteceu com cadeiras de rodas e próteses. Para enfrentar isso, a Consumer Financial Protection Bureau propôs uma regra que proibiria a prática, ressaltando que esses dispositivos são extensões do corpo humano.
Reflexão Final: Um Chamado por Justiça
Apesar de avanços em legislações estaduais, que exigem cobertura equivalente ao Medicare em cerca de metade dos estados americanos, muitas pessoas ainda enfrentam negativas de planos de saúde privados. Com um número crescente de pessoas vivendo com amputações devido a condições como diabetes e trauma, é essencial discutir formas de garantir acesso justo e sustentável a próteses modernas.
Este cenário expõe um dilema ético e prático: a saúde deve ser mediada por custos ou focada no bem-estar do indivíduo? A resposta a essa pergunta moldará o futuro de milhões de pessoas com deficiência.
Fonte: Health Insurers Limit Coverage of Prosthetic Limbs, Questioning Their Medical Necessity / KFF Health News
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4