Artigo da MIT Technology Review, assinado por Jessica Hamzelou, traz uma análise sobre como a ideia de que o valor das mulheres está relacionado à juventude e fertilidade impacta negativamente a pesquisa científica, as políticas de saúde e a forma como as mulheres são tratadas na sociedade.
A discussão gira em torno do filme A substância, que aborda os preconceitos sobre o envelhecimento feminino, e das consequências do uso indiscriminado de expressões como “mulheres em idade fértil” no campo da saúde.
Fertilidade como métrica de valor
No filme, um personagem masculino declara que a fertilidade feminina começa a declinar aos 25 anos e “termina” aos 50, sugerindo que o fim do período fértil significaria o fim do valor da mulher. Essa visão, segundo a autora, reflete ideias nocivas que reduzem o corpo feminino a um “recipiente” para a reprodução, ignorando as complexidades da saúde feminina.
Exclusão nas pesquisas científicas
Um ponto crítico abordado é como essas percepções históricas impactaram a ciência. Estudos clínicos frequentemente excluem mulheres que podem engravidar, por medo de efeitos adversos em fetos potenciais. Como resultado, há uma lacuna significativa de dados sobre os efeitos de medicamentos em mulheres, especialmente durante a gravidez. Isso contribui para que as mulheres apresentem taxas mais altas de efeitos colaterais, alguns deles fatais.
Embora esforços para incluir pessoas com úteros em pesquisas tenham aumentado nas últimas décadas, o progresso ainda é insuficiente.
Políticas de saúde imprecisas
Outro problema destacado é a forma como as mulheres recebem orientações de saúde baseadas em uma possível gravidez, mesmo que não estejam grávidas ou planejando engravidar.
Durante o surto do vírus Zika, por exemplo, mulheres em idade fértil foram orientadas a evitar viagens para áreas afetadas, sem considerar fatores como histerectomias ou relacionamentos que não envolvem homens.
Orientações como essas não apenas carecem de precisão, mas também colocam a responsabilidade da saúde das futuras gerações unicamente sobre as mulheres, enquanto ignoram outros atores, como homens ou indústrias poluentes.
A linguagem importa
O uso da expressão “mulheres em idade fértil” também é problemático por ser vago e desatualizado. Ele ignora diferenças entre meninas de 15 anos e mulheres de 44, além de excluir pessoas que podem engravidar, mas não se identificam como mulheres. Termos mais precisos e inclusivos são essenciais para orientações e políticas de saúde mais eficazes.
Reflexão final
A autora conclui que é necessário repensar a forma como lidamos com a saúde reprodutiva e a linguagem associada a ela. Diretrizes mais detalhadas e menos paternalistas são fundamentais para respeitar as diversas realidades de gênero e saúde.
Este debate é essencial para avançar em políticas públicas e pesquisas mais justas e inclusivas no campo da saúde. 🌍
Fonte: Why the term “women of childbearing age” is problematic / MIT Technology Review
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4