Recentemente, as forças de segurança na Argentina anunciaram uma nova medida que está gerando muita discussão: a criação de uma unidade de inteligência artificial para “prever crimes futuros.” Isso mesmo, uma ideia que parece saída de um filme de ficção científica, mas que agora é realidade. No entanto, especialistas estão preocupados com o fato de essa iniciativa poder colocar em risco os direitos dos cidadãos.
O presidente de extrema-direita, Javier Milei, liderou a criação da chamada Unidade de Inteligência Artificial Aplicada à Segurança. De acordo com a lei, essa unidade vai usar algoritmos de aprendizado de máquina para analisar dados de crimes passados e tentar prever onde novos crimes podem acontecer. Além disso, eles planejam usar reconhecimento facial para identificar “pessoas procuradas”, monitorar redes sociais e analisar imagens de câmeras de segurança em tempo real, tudo para detectar qualquer atividade suspeita.
O Ministério da Segurança defende que essa nova unidade será essencial para “detectar ameaças, identificar grupos criminosos e evitar distúrbios”. Mas, essa ideia, que lembra o filme “Minority Report”, já está levantando bandeiras vermelhas entre defensores dos direitos humanos.
A preocupação principal? Que certas partes da população possam ser vigiadas de maneira exagerada. Especialistas também se perguntam quem terá acesso a todas essas informações e se haverá controle suficiente sobre esse poder.
A Anistia Internacional, por exemplo, já se manifestou contra. Eles alertam que essa vigilância em larga escala pode limitar a liberdade de expressão, já que as pessoas podem começar a se autocensurar ou a evitar compartilhar suas opiniões, com medo de estarem sendo monitoradas. Mariela Belski, diretora da Anistia Internacional na Argentina, foi clara: “Se as pessoas sentirem que estão sendo vigiadas, isso pode mudar a maneira como elas se expressam.”
Além disso, o Centro de Estudos sobre Liberdade de Expressão e Acesso à Informação na Argentina lembrou que tecnologias como essas já foram usadas no passado para vigiar acadêmicos, jornalistas, políticos e ativistas. Sem uma supervisão adequada, isso pode ameaçar seriamente a privacidade das pessoas.
Javier Milei, que subiu ao poder no final do ano passado com promessas de uma política mais dura contra o crime, tem sido firme em suas decisões. Sua ministra da segurança, Patricia Bullrich, parece estar interessada em seguir o exemplo controverso das prisões de El Salvador, enquanto o governo segue em direção a uma política de segurança cada vez mais militarizada. Recentemente, eles reprimiram protestos com força, usando gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes, e até ameaçaram pais que trouxeram seus filhos para as manifestações.
Essa nova medida causou uma reação especialmente forte na Argentina, um país com um passado doloroso de repressão estatal. Durante a ditadura brutal de 1976 a 1983, cerca de 30 mil pessoas desapareceram à força, algumas jogadas vivas de aviões em “voos da morte”. Milhares foram torturados, e centenas de crianças foram sequestradas.
Apesar das preocupações, uma fonte do Ministério da Segurança garantiu que a nova unidade vai operar dentro das leis existentes, incluindo a Lei de Proteção de Informações Pessoais. Ele afirma que o objetivo é usar a inteligência artificial, a análise de dados e o aprendizado de máquina para encontrar padrões e tendências criminosas nos bancos de dados do ministério.
Fonte: Argentina will use AI to ‘predict future crimes’ but experts worry for citizens’ rights / The Guardian
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial