Em 24 fevereiro de 2025, cerca de 300 especialistas de diversas áreas se reuniram no mesmo local onde, em 1975, ocorreu a icônica Conferência de Asilomar sobre DNA Recombinante. O evento original marcou uma virada na regulação da engenharia genética, estabelecendo diretrizes de biossegurança ainda em vigor. Agora, meio século depois, os debates se voltaram para desafios contemporâneos como inteligência artificial (IA), células sintéticas e vida espelho.
Um Novo Asilomar para Novos Desafios
Diferente da conferência original, dominada por biólogos moleculares, esta edição incluiu cientistas de diversas disciplinas, bioeticistas, advogados, ambientalistas, jornalistas e até uma companhia de dança. O evento começou com um ritual simbólico de “sepultamento” da conferência de 1975, marcando a transição para um novo capítulo da biotecnologia.
Os participantes concordaram sobre a necessidade de proibir a pesquisa com armas biológicas e organismos espelhados, como bactérias com orientação molecular invertida, que poderiam escapar de mecanismos imunológicos e ameaçar ecossistemas. No entanto, temas como IA aplicada à biologia, células sintéticas e engenharia genética em larga escala geraram divergências.
Inteligência Artificial e Biotecnologia
A IA tem revolucionado a pesquisa biomédica, mas também levanta preocupações. Alguns cientistas acreditam que suas aplicações poderiam acelerar descobertas no tratamento de doenças, enquanto outros alertam para potenciais riscos de uso indevido. No entanto, alguns especialistas minimizaram o medo de que a IA possa facilitar a criação de armas biológicas, considerando outras ameaças mais urgentes.
Células Sintéticas e Modificação Genética
Pesquisas com células sintéticas foram discutidas como promissoras para novas terapias, redução do uso de fertilizantes e monitoramento ambiental. No entanto, questões como mutações inesperadas e desafios técnicos ainda preocupam os pesquisadores.
Curiosamente, o uso do CRISPR para edição genética de embriões humanos não recebeu grande destaque, o que surpreendeu alguns especialistas, dado o impacto do tema na biomedicina atual.
Biotecnologia e Regulação
A influência do setor privado na biotecnologia foi um tema recorrente. Diferentemente de 1975, quando a indústria ainda engatinhava, hoje empresas desempenham um papel central na pesquisa e no financiamento de inovações. Isso levanta preocupações sobre os interesses comerciais moldando as prioridades científicas e regulatórias.
Embora a conferência não tenha emitido um comunicado oficial, alguns grupos de trabalho planejam divulgar posicionamentos sobre questões específicas. No entanto, diante do cenário político global e dos cortes em investimentos científicos nos EUA, especialistas alertaram para a necessidade de equilibrar discursos sobre riscos e benefícios da biotecnologia para evitar reações adversas que possam restringir avanços científicos.
Reflexões Finais
O evento destacou a rapidez com que novas tecnologias estão surgindo e a necessidade de discussões contínuas sobre seus impactos. Como ressaltou o bioengenheiro Drew Endy, um dos organizadores, “não temos muito tempo de sobra” – uma reflexão sobre a urgência de estabelecer diretrizes éticas e de segurança para um futuro cada vez mais moldado pela biotecnologia. 🚀
Fonte: Fifty years after ‘Asilomar,’ scientists meet again to debate biotech’s modern-day threats / Science
Legenda e crédito de foto: Cerca de 300 pessoas de diversas disciplinas se reuniram no centro de conferências de Asilomar para discutir algumas das questões mais difíceis sobre os riscos e benefícios da biologia moderna. Chris Schmauch/Science History Institute/ Reprodução
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4