O The New York Times publicou um artigo assinado por Mark S. King, ativista e escritor, alertando sobre os riscos do negacionismo científico com a nomeação de Robert F. Kennedy Jr. como secretário da Saúde dos EUA. O autor traça um paralelo com a crise da AIDS na África do Sul sob o governo de Thabo Mbeki, mostrando como a rejeição a evidências científicas pode ter consequências devastadoras para a saúde pública.
A recente confirmação de Robert F. Kennedy Jr. como secretário da Saúde dos EUA gerou grande preocupação entre especialistas e ativistas. Conhecido por suas posições negacionistas, Kennedy já afirmou que não existe vacina segura e eficaz, sugeriu teorias conspiratórias sobre a Covid-19 e questionou a relação entre o HIV e a AIDS – ideias amplamente refutadas pela comunidade científica.
O perigo do negacionismo no poder
O impacto de tais crenças não é apenas teórico. Um exemplo histórico alarmante vem da África do Sul, onde, nos anos 2000, o então presidente Thabo Mbeki adotou ideias negacionistas sobre a AIDS. Influenciado por teorias sem embasamento, ele impediu o uso de antirretrovirais no sistema de saúde do país, enquanto sua ministra da Saúde promovia o consumo de beterraba, alho e gengibre como supostas alternativas.
As consequências foram devastadoras: um estudo de Harvard estimou que ao menos 330 mil pessoas morreram e mais de 35 mil crianças nasceram com HIV devido a essa política.
O temor agora é que algo semelhante ocorra nos Estados Unidos, com Kennedy à frente de programas federais de pesquisa, prevenção e tratamento do HIV. Além da negação sobre a AIDS, sua rejeição às vacinas e até mesmo à teoria dos germes – base da biomedicina moderna – pode comprometer décadas de avanços em saúde pública.
Lições da história: resistência e mobilização
Embora o cenário pareça sombrio, a história também mostra caminhos para a resistência. Na África do Sul, a luta contra a política de Mbeki foi liderada por ativistas como Zackie Achmat e pelo Treatment Action Campaign. O movimento mobilizou comunidades, aprendeu a ciência do HIV para combater desinformação e pressionou o governo por anos. Essa persistência resultou na renúncia de Mbeki e na criação do maior programa de distribuição de antirretrovirais do mundo.
Nos EUA, estratégias similares já começam a emergir. Processos judiciais contra ordens executivas prejudiciais à pesquisa médica foram protocolados, enquanto especialistas e ativistas salvam dados sobre HIV e saúde LGBTQIA+ que o governo tenta remover. Funcionários públicos se recusam a abandonar seus postos diante de tentativas de desmonte das instituições.
A luta será difícil, mas como já se viu em outras batalhas pela saúde pública, a resistência pode gerar mudanças. Como dizia Paul Farmer, referência na defesa da justiça na saúde: “Você não vira as costas para aqueles que têm mais a perder.” Persistir é necessário – e, às vezes, essa resistência leva à vitória. 🚨
Fonte: When ‘Just Asking Questions’ About Science Turns Into 300,000 Dead / New York Times
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial