O aumento das questões de saúde mental entre os jovens em países ocidentais é um tema amplamente discutido, especialmente com o trabalho de autores como Jonathan Haidt e Jean Twenge. O alerta sobre os impactos negativos das redes sociais levou a uma série de escolas na Europa a banirem smartphones. No entanto, é crucial evitar explicações simplistas que atribuem o aumento da ansiedade e depressão apenas ao tempo de tela.
A Limitação das Análises de Tendências
Os argumentos de Twenge e Haidt frequentemente se baseiam em gráficos que mostram o aumento de distúrbios psicológicos a partir de 2012, ano que Haidt considera o início da “grande reestruturação” com a popularização dos smartphones. Essa abordagem tem sido criticada por enfatizar correlações que podem não refletir causalidade. Além disso, as análises têm um período limitado, começando em 2002 e terminando em 2018, o que pode obscurecer tendências anteriores.
Por exemplo, ao mostrar um aumento na angústia psicológica nos países nórdicos a partir de 2010, não se leva em conta o que ocorreu antes de 2002. Dados da Agência de Saúde Pública da Suécia indicam que problemas de saúde mental entre os jovens vêm aumentando desde a década de 1980, sugerindo uma tendência mais longa do que a observada nas análises atuais.
Dados Históricos e Contexto Global
Além da Suécia, outros países, como Noruega e Reino Unido, também apresentam um aumento precoce nas questões de saúde mental. Um estudo publicado na Psychological Medicine revelou que a prevalência de condições mentais duradouras entre jovens na Inglaterra aumentou seis vezes entre 1995 e 2014. Nos EUA, Twenge já havia notado, em 2000, que crianças da década de 1980 relataram mais ansiedade do que pacientes psiquiátricos da década de 1950.
As pesquisas globais sobre saúde mental mostram padrões consistentes: problemas mentais são menos prevalentes em países de baixa renda do que em países ricos, mesmo quando as condições físicas são comparadas. Isso sugere que fatores sociais e econômicos desempenham um papel significativo na saúde mental dos jovens.
Fatores Sociais e Políticos
Diversos acadêmicos apontam para a crescente intolerância à incerteza moderna, a busca por evitar riscos e o aumento da desigualdade social como fatores que afetam a saúde mental. Reduzir essas questões a variáveis isoladas pode resultar em soluções simplistas, como políticas para banir smartphones, sem abordar as causas subjacentes.
É fundamental considerar como questões políticas e sociais, como discriminação estrutural e precariedade econômica, influenciam o bem-estar geral da sociedade. Ignorar esses fatores pode desvirtuar o debate sobre saúde mental e reduzir a motivação para ações significativas.
Fonte: Young people were becoming more anxious long before social media – here’s the evidence / The Conversation
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial