O cientista chinês He Jiankui, conhecido mundialmente por criar os primeiros bebês geneticamente modificados em 2018 — feito que o levou à prisão e ao ostracismo científico — agora tenta um retorno controverso ao cenário da pesquisa. Seu novo foco? Usar edição genética para prevenir o Alzheimer em gerações futuras.
Rejeição e insistência
Apesar da condenação global e da sentença de três anos por prática médica ilegal, He continua a defender sua abordagem original. Em uma publicação recente nas redes sociais, chegou a afirmar que “a ética está atrasando a inovação e o progresso científico”, o que só intensifica sua rejeição pela comunidade científica. Ele opera sem vínculos acadêmicos, sem divulgar financiadores e permanece envolto em sigilo.
Alzheimer e edição genética
He pretende editar geneticamente embriões com uma mutação rara encontrada principalmente na população islandesa, associada à proteção contra o Alzheimer. Inicialmente, os testes seriam feitos em animais nos EUA, conduzidos por dois colegas chineses. Ele vislumbra a realização de ensaios clínicos com humanos na África do Sul, país que atualizou suas diretrizes éticas em 2024, abrindo espaço para pesquisas nessa linha — embora com forte resistência internacional.
Preocupações éticas e científicas
Especialistas alertam para os riscos hereditários imprevisíveis de intervenções genéticas em embriões humanos. Kari Stefansson, fundador da deCODE Genetics (Islândia), criticou a abordagem de He como “altamente arriscada”. Outros cientistas, como Jeffrey Kahn (Johns Hopkins), enfatizam a necessidade de transparência, algo que He ainda evita sob orientação jurídica.
Contexto político e social
Embora diga não receber apoio do governo chinês, He afirma que autoridades estão cientes de seus planos. Vale lembrar que, em 2018, sua pesquisa chegou a ser celebrada por veículos estatais, antes de ser rapidamente repudiada. Desde então, a China endureceu suas leis sobre edição genética em embriões humanos.
Reflexão final
A tentativa de redenção científica de He Jiankui reacende debates centrais da bioética: até que ponto o avanço tecnológico justifica riscos biológicos e sociais? O caso levanta questionamentos sobre o papel da transparência, da regulação internacional e da responsabilidade individual na fronteira da engenharia genética. 🧬
Fonte: Chinese Scientist Ostracized Over Gene-Edited Babies Seeks Comeback / The Wall Street Journal
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4