O uso de dados de saúde em IA: potencial, riscos e questões éticas

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Cláudio Cordovil

Nas últimas semanas, usuários da plataforma X (antigo Twitter) começaram a compartilhar imagens médicas — como radiografias, ressonâncias magnéticas e tomografias — com a ferramenta de IA Grok, atendendo a uma sugestão de Elon Musk, proprietário da plataforma. Musk declarou que o objetivo é melhorar a precisão da ferramenta e, eventualmente, oferecer diagnósticos rápidos e confiáveis como uma alternativa ou complemento às avaliações médicas tradicionais.

Embora alguns usuários elogiem os resultados de Grok, outros destacaram erros preocupantes. Entre os exemplos, houve casos em que fraturas foram interpretadas incorretamente, mas também relatos positivos, como a análise precisa de um tumor cerebral. A ideia atraiu até mesmo médicos curiosos para testar a ferramenta, mas especialistas em privacidade de dados soaram o alarme quanto aos riscos envolvidos.

Privacidade em risco: o que acontece com seus dados?

Uma das maiores preocupações é o destino das informações médicas compartilhadas. Diferentemente dos dados protegidos pela Lei de Portabilidade e Responsabilidade de Seguro de Saúde (HIPAA) nos Estados Unidos — que regula como hospitais, clínicas e seguradoras armazenam e compartilham dados de saúde — informações enviadas diretamente a ferramentas como Grok não contam com a mesma proteção.

Bradley Malin, professor de informática biomédica na Universidade Vanderbilt, alerta que os usuários não têm controle sobre como seus dados serão utilizados. Apesar de a política de privacidade da X afirmar que não vende dados a terceiros, ela permite o compartilhamento com “empresas relacionadas”.

Além disso, há preocupações sobre a construção de um rastro digital que poderia ser usado de maneira prejudicial. Por exemplo, um exame que indica sinais iniciais de Alzheimer poderia, em teoria, ser acessado por empregadores, seguradoras ou outros grupos, resultando em discriminação. Embora leis como o Americans with Disabilities Act protejam contra algumas formas de discriminação, lacunas legais permanecem, especialmente no que diz respeito a seguros de vida ou cuidados de longo prazo.

Diagnósticos imprecisos: riscos para a saúde e custos desnecessários

Outro problema significativo são os erros nos resultados fornecidos pela IA. Para pessoas usando a ferramenta apenas como experimento, um erro pode parecer inofensivo. Mas, para quem busca informações de saúde, diagnósticos imprecisos podem levar a exames desnecessários ou até mesmo a tratamentos equivocados, gerando custos adicionais e potencialmente colocando a saúde em risco.

Treinar uma IA para fornecer diagnósticos confiáveis exige uma base de dados diversa e de alta qualidade, além de expertise técnica e médica, conforme destaca Suchi Saria, diretora do laboratório de aprendizado de máquina em saúde da Universidade Johns Hopkins. Modelos mal projetados, ela compara, podem ser tão perigosos quanto “um químico amador misturando ingredientes na pia de casa”.

IA na saúde: entre promessas e desafios

Apesar das preocupações, a inteligência artificial apresenta um enorme potencial para transformar os cuidados de saúde, desde a leitura de mamografias até a seleção de candidatos para testes clínicos. Alguns usuários, cientes dos riscos, escolhem contribuir com seus dados como uma forma de “altruísmo informacional”, acreditando que os benefícios futuros justificam os perigos atuais.

No entanto, especialistas reforçam que é essencial estar informado e agir com cautela. Como resume Dr. Malin: “Se você acredita fortemente na causa e está disposto a correr o risco, vá em frente. Mas cuidado com as consequências.”

Conclusão: benefícios futuros, riscos imediatos

O uso de ferramentas como Grok para análise de imagens médicas abre caminhos promissores, mas também levanta questões éticas, legais e práticas que precisam ser cuidadosamente endereçadas. Antes de compartilhar dados sensíveis, é crucial compreender os potenciais riscos envolvidos e avaliar se o custo vale o benefício.


Fonte: Elon Musk Asked People to Upload Their Health Data. X Users Obliged / The New York Times

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

Imagem gerada por Inteligência Artificial

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