Mais de 250 médicos de atenção primária no Reino Unido criticaram publicamente o Royal College of General Practitioners (RCGP) por adotar uma postura neutra em relação à morte assistida — decisão que, segundo eles, deturpa a opinião majoritária da categoria.
Pesquisa mostra resistência à neutralidade
O pano de fundo dessa reação é uma consulta interna realizada entre janeiro e fevereiro de 2025, que contou com quase 9 mil respostas. Os resultados indicaram que:
- 47,5% dos clínicos gerais querem que o RCGP continue se opondo à morte assistida;
- 33,7% são favoráveis à legalização, uma queda em relação aos 40% de 2019;
- Apenas 13,6% apoiam uma posição neutra, agora adotada pela instituição.
Ainda assim, o conselho governante da RCGP — formado por cerca de 75 membros — votou majoritariamente pela neutralidade, o que gerou forte descontentamento entre os profissionais.
Carta aberta critica a decisão
Em carta publicada no The Times, os médicos afirmam que a nova postura ignora preocupações éticas e práticas. Eles defendem que a morte assistida pode:
- Enfraquecer a compreensão e o acesso aos cuidados paliativos;
- Aumentar o risco de abuso ou auto-coerção em populações vulneráveis;
- Reforçar estigmas que desvalorizam certas vidas.
O grupo também reitera que ajudar na morte de pacientes contraria os princípios fundamentais da medicina, como preservar a vida e manter a confiança dos pacientes.
Contexto legislativo
A mudança de postura ocorre em um momento delicado: o Parlamento britânico está analisando o projeto de lei proposto por Kim Leadbeater, que permitiria a morte assistida para adultos terminais com expectativa de vida inferior a seis meses, mediante aprovação de dois médicos.
Até então, o RCGP era o único colegiado médico britânico ainda formalmente contra a prática. Agora se junta a outras entidades — como os colegiados de médicos, cirurgiões, anestesistas e a British Medical Association — que já adotaram uma abordagem neutra.
Compromissos da instituição
A presidente do RCGP, Kamila Hawthorne, defendeu a mudança, destacando a necessidade de representar a pluralidade de opiniões da classe. Ela afirmou que a neutralidade não implica omissão no debate, e garantiu que:
- Clínicos gerais não serão obrigados a participar desses serviços;
- A morte assistida deve ser oferecida por um serviço separado da atenção básica;
- O financiamento da medida não deve comprometer os cuidados paliativos nem a medicina geral.
🔎 Em resumo: o debate sobre morte assistida no Reino Unido continua acirrado, e a recente decisão do RCGP reacende dilemas éticos profundos dentro da comunidade médica.
Fonte: Doctors insist they are not ‘neutral’ on assisted dying / The Sunday Times (mediante assinatura)
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4
Imagem gerada por Inteligência Artificial