A artista performática April Hubbard, de 39 anos, planeja encerrar sua vida em um palco de teatro no Canadá, cercada por amigos e familiares. Portadora de espinha bífida e tumores na coluna, ela descreve uma rotina de dores “insuportáveis” mesmo após duas décadas de uso de opioides. Sua aprovação para o Medical Assistance in Dying (MAID) — programa canadense de morte assistida — reacende debates sobre os limites da autonomia corporal em casos não terminais.
A legislação local, uma das mais liberais do mundo, permite desde 2021 que adultos com doenças “graves e irremediáveis” (não necessariamente fatais) solicitem o procedimento. Para April, a decisão reflete “falta de qualidade de vida”, mas críticos veem riscos de banalização.
MAID em Números: Crescimento e Critérios
- 15.343 mortes assistidas em 2023 (4,9% do total de óbitos no país).
- 4% dos casos são de pacientes como April, enquadrados na “via 2” (sem perspectiva de morte iminente).
- Média de idade: 77 anos, com procedimentos majoritariamente realizados por injeção intravenosa.
Médicos como a Dra. Konia Trouton defendem o modelo canadense por sua “eficiência” (morte em minutos), contrastando com propostas britânicas que exigem autoadministração oral.
A “Ladeira Escorregadia”: Críticas e Alertas
Organizações de direitos das pessoas com deficiência acusam o Canadá de priorizar a eutanásia sobre políticas de apoio social. Andrew Gurza, consultor com paralisia cerebral, afirma: “É mais fácil obter morte assistida que suporte governamental para viver”. Médicos como a Dra. Ramona Coelho relatam pressão em hospitais: idosos com câncer recebendo “abordagem” de MAID como alternativa a cuidados paliativos.
O plano de estender o programa a condições psiquiátricas estritas em 2027 amplia temores de que a morte se torne “solução padrão” para crises existenciais.
Lições para o Debate Global
Enquanto o Reino Unido discute legalização restrita (apenas para terminais com expectativa de seis meses de vida), o caso canadense ilustra dilemas bioéticos complexos:
- Autonomia vs. Proteção: Como equilibrar escolhas individuais e salvaguardas contra coerção?
- Custos Sociais: Sistemas de saúde sobrecarregados podem incentivar “atalhos” perigosos?
- Dor Invisível: Condições crônicas não fatais justificam intervenção radical?
Para April, a resposta é clara: “Não quero viver mais 10, 20 ou 30 anos assim”. Mas a sociedade continua dividida. 🔍
Fonte: ‘I could live 30 years but plan to die’: How assisted dying law is dividing Canadians / BBC
Imagem gerada por Inteligência Artificial
Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4