Cuidado com o diagnóstico de TDAH no TikTok: nem tudo que viraliza é ciência

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Cláudio Cordovil

Com o aumento do interesse por transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) entre adultos, o TikTok se tornou um dos principais pontos de busca por informações e conselhos. Hashtags como #ADHD acumulam milhões de visualizações, misturando humor, identificação pessoal e conteúdos supostamente educativos. Mas um novo estudo alerta: menos da metade dos vídeos mais populares sobre TDAH são precisos do ponto de vista científico.

O que o estudo descobriu?

A pesquisa avaliou os 100 vídeos mais vistos com temática TDAH e descobriu que muitos exageram, simplificam demais ou até propagam informações incorretas. Alguns influenciadores, além disso, promovem produtos e serviços próprios relacionados ao transtorno, o que levanta dúvidas sobre conflitos de interesse.

Os pesquisadores também mostraram esses vídeos para cerca de 850 universitários. Resultado? Quanto mais tempo eles passavam assistindo, mais propensos ficavam a acreditar em diagnósticos errados, superestimar a prevalência do transtorno (chegando a pensar que 30% da população tem TDAH, quando a taxa real gira em torno de 5-6%) e a se sentirem piores em relação aos seus próprios sintomas.

Por que esses vídeos são tão atraentes?

Segundo os especialistas, vídeos curtos, engraçados e identificáveis têm mais apelo do que explicações técnicas baseadas no DSM-5 (manual de critérios diagnósticos). A dinâmica da plataforma favorece o conteúdo que gera engajamento, e não necessariamente o mais acurado.

Consequências preocupantes

Clínicos relatam que cada vez mais pacientes chegam aos consultórios já “autodiagnosticados” pelo TikTok — alguns inclusive solicitando tipos e doses específicas de medicamentos. Isso levanta um alerta: o risco de medicalização indevida. Mais de 25% dos adultos com menos de 65 anos que usam estimulantes relatam algum tipo de uso inadequado, principalmente em ambientes universitários.

Além disso, sintomas de ansiedade, depressão ou trauma podem ser confundidos com TDAH, o que reforça a importância de uma avaliação profissional criteriosa.

Um fenômeno com dois lados

Apesar dos riscos, especialistas reconhecem que o TikTok preenche uma lacuna — especialmente para pessoas que, por décadas, foram ignoradas pelo sistema de saúde. O fenômeno também levanta discussões importantes sobre como a ciência pode dialogar melhor com o público nas redes sociais.

Como ressalta Maggie Sibley, psicóloga envolvida na criação das futuras diretrizes de TDAH para adultos: “O TDAH não é uma reação passageira ao ambiente. É uma condição com forte componente genético, cujos efeitos se estendem ao longo da vida.”


Fonte: TikTok is full of ADHD advice — just don’t trust it for a diagnosis / NPR

Este artigo foi criado em colaboração entre Cláudio Cordovil e Chat GPT-4

Foto de Lance Reis na Unsplash

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